9- Considere a seguinte afirmação sobre o termo bizantino: “É essencial lembrar que
bizantino não tem conotação étnica, mas civilizacional (...). O termo bizantino foi vulgarizado
apenas a partir do século XVI, depois do desmembramento do império, que, em vida, se via
como herdeiro e continuador do império Romano.”
(FRANCO JR., Hilário; ANDRADE FILHO, Ruy de Oliveira. O Império Bizantino. SP:
Brasiliense, 1987, p. 7-8).
Em que medida o Império Bizantino pode ser considerado herdeiro e continuador do Império
Romano? Estabeleça as diferenças entre esses dois impérios entre os séculos V e VII.
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Soluções para a tarefa
Resposta:
O Império Romano era pagão, pelo menos até a época de Constantino o Grande (324–337), justamente o fundador do Império Bizantino. O Império Bizantino era cristão.
A língua principal da maioria de população no Império Romano era o latim. No Império Bizantino era o grego.
O Império Bizantino nunca chegou a ter a extensão territorial do Império Romano, e sua influência geopolítica esteve restrita praticamente à Europa oriental e Ásia Menor. A partir da Batalha de Manzikert (1071) que eles perderam para os turcos, foram perdendo território paulatinamente, até que quando o império foi finalmente destruído (1453), ele estava reduzido a uma única cidade, Constantinopla.
O legado histórico-cultural do Império Romano se faz presente em toda a Europa ocidental, mais marcantemente nos países do sul da Europa - Portugal, Espanha, França, Itália - enquanto a Rússia é a herdeira cultural do Império Bizantino, de quem eles receberam a religião ortodoxa e uma espécie de cesaropapismo, segundo o qual o governante tem contrôle autocrático sobre toda a sociedade, inclusive a igreja - nada de independência entre a igreja e o estado.
Vale dizer, contudo, que os bizantinos da época imperial nunca chamaram a si mesmos "bizantinos". A expressão "império bizantino" foi inventada pelos historiadores depois do fim da Idade Média. Os bizantinos chamaram-se a si mesmos romanos, romaioi (Ῥωμαῖοι), e todos os seus imperadores, até Constantino XI, que morreu em 1453 defendendo sua cidade contra os turcos, imperadores romanos. Um bizantino se sentiria gravemente ofendido se o chamássemos de bizantino.
Aliás, isto levanta uma questão interessante. Quando terminou o império romano? Alguns responderão apressadamente, 476, quando o último imperador romano do ocidente, Rômulo Augústulo, foi deposto pelo bárbaro Odoacro, mas a interrupção foi apenas temporária. No dia de natal do ano 800, Carlos Magno foi coroado em Roma Imperador Romano pelas mãos do papa Leão III. Esse novo império romano, também chamado Santo Império Romano, durou até 1806, quando foi destruído por Napoleão Bonaparte; mas logo após, o próprio Napoleão sagrou-se imperador na Catedral de Notre Dame de Paris pelas mãos do papa Pio VII - é verdade que ele arrancou a coroa das mãos do papa e coroou-se a si mesmo, mas isto é um detalhe sem importância. Torna-se claro então que o último imperador romano foi Napoleão, que morreu na ilha de Santa Helena em 1821. (O sobrinho dele não conta porque, que eu saiba, Napoleão III (reinou entre 1850 e 1870) nunca se pretendeu imperador romano).
O Império Bizantino nasceu da divisão do Império Romano em ocidental e oriental. Seus governantes colocavam-se como sucessores dos antigos imperadores romanos e a estrutura jurídica estava calcada em bases do direito romano. Apesar disso, suas tradições culturais eram mais gregas que latinas e seu sistema administrativo foi muito mais centralizador que aquele existente na Roma Antiga.