7 - No último parágrafo, o narrador faz uma reflexão final sobre a cena que vê na frente da escola. a) Que sentimento ele revela ter pelos adolescentes que se preparam para entrar pela “porta da vida”? *
b) Que imagem ele utiliza para representar a chegada da vida futura? Ela é positiva ou negativa? Por quê? *
c) Na visão do narrador, a vida é uma fatalidade ou ainda há esperança para cada um dos adolescentes? Explique.
PORTA DE COLÉGIO
Passando pela porta de um colégio, me veio uma sensação nítida de que aquilo era a porta da
própria vida. Banal, direis. Mas a sensação era tocante. Por isto, parei, como se precisasse ver
melhor o que via e previa.
Primeiro há uma diferença de clima entre aquele bando d adolescentes espalhados pela
calçada, sentados sobre carros, em torno de carrocinhas de doces e refrigerantes, e aqueles que
transitam pela rua. Não é só o uniforme. Não é só a idade. É toda uma atmosfera, como se
estivessem ainda dentro de uma redoma ou aquário, numa bolha, resguardados do mundo.
Talvez não estejam. Vários já sofreram a pancada da separação dos pais. Aprenderam que a vida
é também um exercício de separação. [...]. Mas há uma sensação de pureza angelical misturada
com palpitação sexual, que se exibe nos gestos sedutores dos adolescentes. Ouvem-se gritos e
risos cruzando a rua. Aqui e ali um casal de colegiais, abraçados, completamente dedicados ao
beijo. Beijar em público: um dos ritos de quem assume o corpo e a idade. Treino para beijar o
namorado na frente dos pais e da vida, como quem diz: também tenho desejos, veja como sei
deslizar carícias.
Onde estarão esses meninos e meninas dentro de dez ou vinte anos?
Aquele ali, moreno, de cabelos longos corridos, que parece gostar de esportes, vai se
interessar pela informática ou economia; aquela de cabelos loiros e crespos vai ser dona de
butique; aquela morena de cabelos lisos quer ser médica; a gorduchinha vai acabar casando com
um gerente de multinacional; aquela esguia, meio bailarina, achará um diplomata. Algumas
estudarão Letras, se casarão, largarão tudo e passarão parte do dia levando filhos à praia e praça
e pegando-os de novo à tardinha no colégio. Sim, aquela quer ser professora de ginástica. Mas
nem todos têm certeza sobre o que serão. Na hora do vestibular resolvem. Têm tempo. É isso.
Têm tempo. Estão na porta da vida e podem brincar.
[...]
A turma já perdeu um colega num desastre de carro. É terrível, mas provavelmente um outro
ficará pelas rodovias. Aquele que vai tocar rock vários anos até arranjar um emprego em
repartição público. [...] Tão desinibido aquele, acabará líder comunitário e talvez político. Daqui a
dez anos os outros dirão: ele sempre teve jeito, não lembra aquela mania de reunião e diretório?
[...]
Se fosse haver alguma ditadura no futuro, aquele ali seria guerrilheiro. Mas esta hipótese deve
ser descartada.
Quem estará naquele avião acidentado? Quem construirá uma linda mansão e um dia
convidará a todos da turma para uma grande festa rememorativa? [...] Aquela ali descobrirá os
textos de Clarice Lispector e isto será uma iluminação para toda a vida. Quantos aparecerão na
primeira página do jornal? Qual será o tranquilo comerciante e quem representará o país na
ONU?
Estou olhando aquele bando de adolescentes com evidente ternura. Pudesse passava a mão
nos seus cabelos e contava-lhes as últimas estórias da carochinha antes que o lobo feroz os
assaltasse na esquina. Pudesse lhes diria daqui: aproveitem enquanto estão no aquário e na
redoma, enquanto estão n porta da vida e do colégio. O destino também passa por ai. E a gente
pode às vezes modifica-lo.
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Resposta:
c) Na visão do narrador, a vida é uma fatalidade ou ainda há esperança para cada um dos adolescentes? Explique
Explicação:
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