Filosofia, perguntado por amabilyjaco, 11 meses atrás

6)
Explique por que a linguagem é a forma mais simples de fazer politica.​

Soluções para a tarefa

Respondido por pcoelhopalomapietrob
0

A linguagem é indissociável na vida das pessoas e hoje em dia, indispensável. Alguns filósofos da linguagem como Bakhtin pensaram a linguagem como um objeto filosófico, entendendo assim “a linguagem sendo algo inerente à existência humana, e suas condições de organização na sociedade” (BAKHTIN, 1981, p. 6-7). Também o filósofo alemão Jürgen Habermas, conhecido por causa da sua Teoria do Agir Comunicativo, considera o homem ontologicamente como um ser de linguagem. Através da linguagem homens e mulheres se integram na sociedade e se situam no mundo uns com os outros. A linguagem desempenha um papel crucial em todos os aspectos da vida, do pensamento e da interação humana. A linguagem é o princípio da socialização e da intersubjetividade comunicativa que confere significado às interações sociais.

           A linguagem não é algo que pertence somente à raça humana, ela se prolonga aos animais, e cada um ao seu modo de evolução, a utilizam para sobrevivência das espécies. E assim somos nós, com a enorme diferença de que nossas formas de linguagem são e estão em todos os lugares, carregadas de significados, intenções, pretensões, que não são somente para garantir a perpetuação da espécie, mas também para fins de comunicação, poder, manutenção de poder, posicionamento político e filosófico.    

           Bakhtin coloca, em primeiro lugar, a questão dos  dados  reais  da linguística, da natureza real dos fatos da língua. A língua é, como para Saussure, um fato social, cuja existência se funda nas necessidades da comunicação. Mas, ao contrário da linguística unificante de Saussure e de seus herdeiros, que faz da língua um objeto abstrato ideal, que se consagra como  sistema  sincrônico  homogêneo  e rejeita  suas manifestações  (a  fala)  individuais. O pensamento Bakhtiniano vai se diferenciar pela forma que ele analisa a linguagem, valorizando os atos de enunciação e afirmando sua natureza social e não individual. Desta forma, a fala está indissoluvelmente ligada às condições da comunicação que,  por  sua  vez,  estão  sempre  ligadas às  estruturas sociais.

       Se por um lado a filosofia de Bakhtin especifica, dentro desse universo da linguagem, em especial a fala, ela é atribuída, em sua pesquisa, como algo individual e, portanto um objeto específico da linguística que irá tratá-la como um fenômeno sociocultural, por outro lado a Teoria do Agir Comunicativo de Jürgen Habermas ressalta o aspecto intersubjetivo da linguagem que ocorre nas relações sociais. No caso específico da Teoria do Agir Comunicativo, na guinada epistemológica que substitui o paradigma de uma filosofia da consciência, pelo paradigma do agir comunicativo, a racionalidade deve ser pensada não apenas do ponto de vista do indivíduo isolado (filosofia da consciência), mas a partir de uma sociologia do mundo das relações subjetivas ou, para ser mais exato, intersubjetivas (agir comunicativo), pelo simples fato de que a existência humana se produz na relação constante com outros homens e mulheres e dentro de um processo social. E a partir desta visão de mundo, Habermas constrói todo um arcabouço teórico que considera o papel fundamental da linguagem não apenas do modo o mais abrangente possível, mas também no âmbito das questões sociais e políticas. De sua Teoria do Agir Comunicativo, um agir racional mediado pela linguagem, deriva a sua Teoria do Discurso, bem como um modelo procedimental de política e democracia que ele chama de política deliberativa centrada em um processo de legitimação da “democracia por intermédio de um procedimento ideal e racional de deliberação e de tomada de decisões” (LOIS; MARQUES, 2013, p. 188). A partir da teoria do discurso o exercício do poder político passa a ser legitimado a partir do poder comunicativo (agir comunicativo) dos cidadãos, em um processo de formação da opinião e da vontade estruturada por meio do discurso, que atuam como meio para a racionalização discursiva das decisões de uma administração atrelada ao direito.

Perguntas interessantes