6- (Enem) Depois de um bom jantar: feijão com carne-seca, orelha de porco e couve
com angu, arroz-mole engordurado, carne de vento assada no espeto, torresmo enxuto
de toicinho da barriga, viradinho de milho verde e um prato de caldo de couve, jantar
encerrado por um prato fundo de canjica com torrões de açúcar, Nho Tomé saboreou
o café forte e se estendeu na rede. A mão direita sob cabeça, à guisa de travesseiro,
o indefectivel cigarro de palha entre as pontas do indicador e do polegar, envernizados
pela fumaça, de unhas encanoadas e longas, ficou-se de pança para o ar,modorrento,
a olhar para as ripas do telhado.
Quem come e não deita, a comida não aproveita, pensava Nhô Tomé... E pôs-se a
cochilar. A sua modorra durou pouco; Tia Policena, ao passar pela sala, bradou
assombrada:
- Eêh! Sinhô! Vai drumi agora? Não! Num presta... Dá pisadêra e pode morre de ataque
de cabeça! Despois do armoço num far-ma... mais despois da janta?!
Cornélio Pires. Conversas ao pé do fogo. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São
Paulo, 1987.
Nesse trecho, extraido de texto publicado originalmente em 1921, o narrador
a) apresenta, sem explicitar juizos de valor, costumes da época, descrevendo os pratos
servidos no jantar e a atitude de Nho Tomé e de Tia Policena.
b) desvaloriza a norma culta da lingua porque incorpora à narrativa usos próprios da
linguagem regional das personagens.
c) condena os hábitos descritos, dando voz a Tia Policena, que tenta impedir Nho Tomé
de deitar-se após as refeições.
d) utiliza a diversidade sociocultural e linguistica para demonstrar seu desrespeito às
populações das zonas rurais do início do século XX.
e) manifesta preconceito em relação à Tia Policena ao transcrever a fala dela com os
erros próprios da região.
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Resposta:
Letra "A"
Explicação:
A leitura do texto revela que o autor simplesmente descreve o fato, mostrando-se completamente isento em relação aos hábitos e à linguagem. Há uma descrição do prato servido no jantar e da atitude de Nhô Tomé e da Tia Policena.
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