ENEM, perguntado por marianaliciacamilo, 11 meses atrás

5. (UFPE)
Retrato do artista quando coisa

A menina apareceu grávida de um gavião.
Veio falou
para a mãe: o gavião me desmoçou.
A mãe disse: Você vai parir uma árvore para
A gente comer goiaba nela.
E comeram goiaba.
Naquele tempo de dantes não havia limites
para ser.
Se a gente encostava em ser ave ganhava o
poder de alçar.
Se a gente falasse a partir de um córrego
A gente pegava murmúrios.
Não havia comportamento de estar.
Urubus conversavam sobre auroras.
Pessoas viravam árvores.
Pedras viravam rouxinóis.
Depois veio a ordem das coisas e as pedras
Têm que rolar seu destino de pedra para o resto
Só as palavras não foram castigadas com
a ordem natural das coisas.
As palavras continuam com seus deslimites,
nas suas conchas puras?

Manoel de Barros, Retrato do artista quando coisa.
Rio de Janeiro: Record, 1989, p.77.

Uma exploração das pretensões estéticas expressas no poema
nos faz destacar alguns aspectos relevantes de sua composição.
Escreva verdadeiro ou falso.

00. O poema se desenvolve para culminar com a ideia de que a
linguagem tem o privilégio de escapar às coerções naturais
das coisas. v.
01. O poema, ele mesmo, já demonstra essa particularidade
de a linguagem não ter limites: o poeta inventa palavras
dos tempos.
02. No mundo da poesia, relatar que “A menina apareceu grávida de um gavião” não constitui uma incoerência: não prevalece “a ordem das coisas para as palavras”
03. “Urubus conversavam sobre auroras”, “Pessoas viravam árvores”: não há absurdos para a criação literária.
04. não há no poema alguma alusão à passagem do tempo: tudo parece ser atemporal; fluido como o limite das coisas.

Soluções para a tarefa

Respondido por lilax0521
5

Resposta:

V , V , V , V , F

Explicação:

00 as  palavras são vistas como algo, sem limites; não-sujeitas a qualquer tipo de coerção.

01 o autor, no poema, cria palavras e, com elas, cria realidades improváveis e até absurdas no mundo das contingências naturais e físicas.

02  e 03 não há ‘incoerências’ nem absurdos no universo da arte literária.

Falsa 04 há no poema alusões à passagem do tempo, como se pode ver no seguinte verso: “naquele tempo de dantes não havia...”, além de mudanças no tempo verbal, que indicam a sucessão do tempo.

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