Artes, perguntado por jordana1510068631, 10 meses atrás

5 semelhanças entre brecht e boal

Soluções para a tarefa

Respondido por sarinha090957
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Resposta:Este capítulo se propõe a compreender diacronicamente o surgimento e a

evolução da personagem, bem como os movimentos culturais que contribuíram para sua

desconstrução. Serão observados os caminhos percorridos pela personagem na cena

teatral, a partir da concepção canônica e do momento que a história oferece alternativas

para além dos aspectos tradicionais. Uma indagação norteará o capítulo e auxiliará no

entendimento do termo “personagem”, de acordo com a sua genealogia:

Em que momento alguém passa a atuar, imitar, reproduzir, ou ainda assemelhar-se a

alguém?

Para responder a esta questão nos remetemos às reflexões propostas pela

pesquisadora e historiadora teatral, Margot Berthold (2001, p. 104-105), que faz a seguinte

afirmação sobre o surgimento da personagem teatral: “Psístrato, tirano de Atenas e

fundador das festas Dionisíacas1

, em março do ano de 534 a.C., trouxe de Icária o artista

itinerante chamado Téspis, para que participasse da Grande Procissão Dionisíaca”.

Durante o evento, Téspis teve uma ideia que faria história: destacou-se do coro em que

vinha atuando e passou a responder às suas indagações, criando assim, o papel de

“hypokrites” (1º respondedor, mais tarde, ator) aquele que se envolve num diálogo e conduz

o coro. Naquele momento, criou-se a primeira antropomorfização da história e,

concomitantemente, o surgimento da primeira personagem. A partir de Téspis, as tragédias

da Grécia Antiga passaram a apresentar histórias encenadas por atores que representavam

personagens e que, a princípio, dialogavam entre si. Com Ésquilo (525 a.C. – 456 a.C.)

veio o segundo respondedor e com Sófocles (497a.C. – 406 a.C.), o terceiro, transformando

a tragédia grega em histórias contadas através de diálogos.

O Mito de Téspis estabelece o surgimento diacrônico da personagem, mas

entre o surgimento e a definição existe uma lacuna que precisa ser completada. De acordo

com a crítica teatral, ensaísta e pesquisadora Beth Brait (1985, p.10), nos dicionários não

especializados como o Aurélio, o Houaiss e o Michaelis, as definições para a palavra

‘personagem’ apresentam acepções que são justificáveis por um jogo informativo em que

uma palavra é explicada por outra. No entanto, esse jogo metalinguístico simplista, pode

ocasionar uma confusão terminológica que traduz com clareza uma ambiguidade existente

1 A Festa Dionisíaca era uma celebração de caráter cívico-religioso, ou seja, conciliava aspectos da política e da identidade

de Atenas, servindo como fator de agregação da sociedade ateniense. Dentro de algumas dessas festas eram realizados

concursos teatrais, que envolvendo competitividade e sociabilização serviam para suavizar conflitos internos dentro da

pólis.

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entre a relação pessoa — ser vivo — e a personagem — ser ficcional. Mesmo que os termos

‘papéis’ e ‘figuras dramáticas’ indiquem prováveis diferenças existentes entre pessoas e

personagens, a frase: “Cada uma das pessoas que figuram em uma narração, poema ou

acontecimento2

” impõe ao leitor encarar a narrativa, o poema e o acontecimento como

fenômenos de uma mesma natureza e essência, o que indubitavelmente não são.

Mas, se um dicionário geral da língua não tem qualquer obrigação de

contribuir para a resolução de dúvidas especializadas, passemos, então, a um dicionário

técnico. A definição da palavra personagem é complexa e exige uma reflexão acentuada

para ser compreendida dentro de toda a sua heterogeneidade. Por isso, recorremos ao

pesquisador francês Patrice Pavis (1999, p.285), que em seu ‘Dicionário de Teatro’ não

procura definir, mas antes, explicar o termo: “no teatro, a personagem está em condições

de assumir os traços e a voz do ator, de modo que, inicialmente, isso não parece

problemático”. No entanto, apesar da evidência desta identidade entre um homem vivo e

uma personagem, esta última, no início, era apenas uma máscara, uma persona – que

correspondia ao papel dramático no teatro grego. É através do uso de pessoa em gramática

que a persona adquire, pouco a pouco, o significado de ser animado e de pessoa, e

consequentemente, a personagem teatral passa a ser uma ilusão de pessoa humana. No

entanto, no teatro grego, não havia ainda essa indissociabilidade, que se constitui

posteriormente, conforme afirma Pavis

No teatro grego, a persona é a máscara, o papel assumido pelo ator, ela não se

refere à personagem esboçada pelo autor dramático. O ator está nitidamente

separado de sua personagem, é apenas seu executante e não sua encarnação a

ponto de dissociar, em sua atuação, gesto e voz. Toda a sequência da evolução do

Teatro ocidental será marcada pela completa inversão dessa perspectiva: a

personagem vai-se identificar cada vez mais com o ator que a encarna e

transmudar-se em entidade psicológica e moral semelhante aos outros homens,

entidade essa encarregada de produzir no espectador um efeito de identificação.

Explicação:

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