Português, perguntado por cacarhay22, 5 meses atrás

3.Pesquise um verbete enciclopédico sobre Racismo.

Soluções para a tarefa

Respondido por paulafatima22
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Resposta:

racismo

ra·cis·mo

sm

1 Teoria ou crença que estabelece uma hierarquia entre as raças (etnias).

2 Doutrina que fundamenta o direito de uma raça, vista como pura e superior, de dominar outras.

3 Preconceito exagerado contra pessoas pertencentes a uma raça (etnia) diferente, geralmente considerada inferior.

4 Atitude hostil em relação a certas categorias de indivíduos.

Respondido por kakatorres1415
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Resposta:

Há grande controvérsia sobre a etimologia do termo “raça”. O que se pode dizer com mais precisão é que seu significado sempre esteve ligado de alguma forma ao ato de estabelecer classificações. Entretanto, a noção de raça como referência a categorias distintas de seres humanos é um fenômeno da modernidade, que remonta aos meados do século XVI.1 No século XVI verificam-se algumas condições históricas que farão nascer a idéia de “homem universal”, ao mesmo tempo, em que será colocado o problema da multiplicidade da condição humana. Se antes ser “homem” relacionava-se ao pertencimento a uma comunidade política ou religiosa, a expansão econômica mercantilista e a descoberta do novo mundo forjaram a base material a partir da qual a cultura renascentista iria refletir sobre a unidade e a multiplicidade da existência humana. O século XVIII e o projeto iluminista de transformação social deram impulso renovado à construção de um saber filosófico que terá o homem como seu principal objeto. O homem do esclarecimento não é mais apenas o sujeito cognoscente do século XVII, mas é, também aquilo que se pode conhecer. A novidade do iluminismo é o conhecimento que se funda na observação do homem em suas múltiplas facetas e diferenças, “enquanto ser vivo (biologia), que trabalha (economia), pensa (psicologia) e fala (linguística) ” .2 Do ponto de vista intelectual, o iluminismo constituiu as ferramentas que tornariam possível a comparação e, posteriormente, a classificação, dos mais diferentes grupos humanos a partir de características físicas e culturais. Surge então a distinção filosófico-antropológica entre “civilizado” e selvagem”, que no século seguinte daria lugar para o dístico “civilizado” e “primitivo”. No ano de 1795, a Revolução Haitiana, liderada por Toussaint Louverture,3 contra a escravidão e a favor da liberdade e da igualdade universais – bandeiras centrais do iluminismo -, escancararia no campo político, as contradições do ideário moderno e mostraria que a classificação de seres humanos serviria, mais do que para o conhecimento filosófico, como âncora mental do colonialismo europeu e destruição de povos tradicionais, como os povos indígenas nas Américas, da África, da Ásia e da Oceania.4 Sobre os indígenas americanos, a obra de Cornelius de Pawn (1739-1799) é emblemática. Para o escritor holandês, o indígena americano “não tem história”, são “infelizes”, “degenerados”, “animais racionais” e cujo temperamento é “tão úmido quanto o ar e a terra onde vegetam”. Já no século XIX, um juízo parecido com o de Pawn seria feito pelo filósofo Hegel (1870-1831) acerca dos africanos, “sem história”, bestiais e envoltos em ferocidade e superstição.5 As referências à “bestialidade” e “ferocidade” demonstram como a associação entre seres humanos de determinadas culturas/ características físicas com animais ou mesmo insetos é uma tônica muito comum do racismo e, portanto, do processo de desumanização que antecede práticas discriminatórias ou genocídios, até os dias de hoje. O espírito positivista do século XIX transformou as indagações sobre as diferenças humanas em indagações científicas, de tal sorte que de objeto filosófico, o homem passou a ser objeto científico. A biologia e a física serviram como modelos explicativos da diversidade humana: nasce a idéia de que características biológicas (determinismo biológico) ou condições climáticas e/ou ambientais (determinismo geográfico) seriam capazes de explicar as diferenças morais, psicológicas e intelectuais entre as diferentes “raças”. Desse modo, a pele não-branca e o clima tropical favoreceriam o surgimento de comportamentos imorais, lascivos e violentos, além de indicarem pouca inteligência. Por isso, recomendações como as de Arthur de Gobineau (1816-1882) de se evitar a “mistura de raças”, pois o mestiço tendia a ser o mais “degenerado”. Esse tipo de pensamento, identificado como “racismo científico”, obteve enorme repercussão e prestígio nos meios acadêmicos e políticos do século XIX, como demonstram as obras de Arthur Gobineau, Jean de Léry, Cesare Lombroso, Enrico Ferri e, no Brasil, Silvio Romero e Raimundo Nina Rodrigues.6 É importante lembrar que nesse mesmo século a primeira grande crise do capitalismo, em 1873, levou as grandes potências mundiais da época ao imperialismo e, consequentemente, ao colonialismo, que resultou na invasão e divisão do território da África, nos termos da Conferência de Berlim de 1884. Ideologicamente, o colonialismo assentou-se no discurso da inferioridade racial dos povos colonizados que, segundo seus formuladores, estariam fadados à desorganização política, ao subdesenvolvimento e unicamente ao trabalho braçal.

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