Sociologia, perguntado por arianealvesrissi123, 8 meses atrás

3 feridas narcisicas e seus significados

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Respondido por gustavoebdias
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Resposta:

primeira dessas feridas foi feita por Copérnico ao afirmar que o Homem não é o centro do mundo e a terra não é o centro do universo em torno da qual tudo, incluindo o próprio sol, parecia girar, mas, afinal, apenas (mais) um pequeno planeta que, ao contrário do que a realidade sugeria, gravita, ele sim, à volta do sol. Posteriormente veio a saber-se e a aceitar-se pacificamente que o próprio sol não passa de uma pequena estrela de quinta grandeza, perdida na extremidade de um braço de uma galáxia espiral chamada Via Láctea, ela própria condenada a ser engolida por outra bem maior (Andrómeda) em cuja rota de colisão já entrámos e da qual já nada nos pode afastar. Já depois da descoberta de Copérnico outros homens do conhecimento chegaram à mesma conclusão, mas pagaram bem caro essa ousadia. Um, Giordano Bruno, foi queimado vivo na fogueira das certezas religiosas, intolerantes e obscurantistas, enquanto outro, Galileu Galilei, foi obrigado a abjurar as mesmas verdades para evitar aquele destino cruel.

A segunda grande ferida narcísica da humanidade foi desferida por Charles Darwin quando, após décadas de observações e de estudos, proclamou que o Homem é o resultado da evolução natural. Afinal já não éramos uma criação especial de Deus, feitos à sua imagem e semelhança, mas sim o fruto de milhões de anos de evolução a partir de outras espécies. Tudo o que somos não resulta, afinal, de uma dádiva divina mas sim do aperfeiçoamento, ao longo do tempo, de características animais comuns a outras espécies sem nenhuma diferença especial a não ser a de a própria evolução nos ter conduzido à inteligência e, consequentemente, a uma posição de domínio sobre todas as outras espécies e sobre o próprio planeta. Em vez de uma criação divina, nós descendemos de outros primatas, ou seja, de animais inferiores a nós. Darwin também pagou caro a ousadia dessa verdade, mas, felizmente, porque os tempos e o país eram outros, o preço foi bem diferente e o que ardeu nas fogueiras da estupidez e da intolerância de então foi a sua honra de cientista e amante da verdade e não ele próprio.

Finalmente, a terceira grande ferida narcísica da humanidade foi provocada pelo próprio Freud ao dizer-nos que somos muito mais do que a consciência que temos de nós próprios. Afinal, o nosso consciente é apenas uma pequena parte do nosso ser que tem muito menos importância na nossa actuação quotidiana do que outras dimensões do nosso psiquismo como o inconsciente. Nós também somos habitados pelo desconhecido e a nossa consciência não constitui sequer a essência da nossa vida psíquica. Muitos dos nossos comportamentos são determinados por impulsos irracionais que não somos capazes de compreender nem de controlar. Enfim, nós não somos senhores de nós mesmos.

Dir-se-ia que após estas feridas ainda mal cicatrizadas o Homem curar-se-ia do seu narcisismo doentio e repensaria o seu lugar no mundo e no cosmos. Mas não. A sua vaidade é compulsiva e está a recuperar-se daqueles abalos. Uma nova bolha narcísica está em formação a partir do chamado princípio antrópico, ou seja, uma teoria oriunda de sectores científicos dos mais avançados segundo a qual tudo no universo foi primorosamente organizado para o Homem. Tudo o que existe no cosmos, afinal, existe por nós e para nós míseros humanos.

Explicação:

bastante coisa desculpe

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