2. O termo “pessimistas”, em destaque no texto, está se
referindo às:
a) temperaturas. b) pessoas.
c) influências. d) estimativas.
e) barreiras.
O mito napoleônico baseia-se menos nos méritos de
Napoleão do que nos fatos, então sem paralelo, de sua carreira.
Os homens que se tornaram conhecidos por terem abalado o
mundo de forma decisiva no passado tinham começado como
reis, como Alexandre, ou patrícios, como Júlio César, mas
Napoleão foi o “pequeno cabo” que galgou ao comando de um
continente pelo seu puro talento pessoal. Todo homem de
negócios daí em diante tinha um nome para sua ambição: ser
− os próprios clichês o denunciam − um “Napoleão das
finanças” ou “da indústria”. Todos os homens comuns ficavam
excitados pela visão, então sem paralelo, de um homem
comum maior do que aqueles que tinham nascido para usar
coroas. Em síntese, foi a figura com que todo homem que
partisse os laços com a tradição podia se identificar em seus
sonhos.
Para os franceses ele foi também algo bem mais
simples: o mais bem-sucedido governante de sua longa
história. Triunfou gloriosamente no exterior, mas, em termos
nacionais, também estabeleceu ou restabeleceu o mecanismo
das instituições francesas como existem hoje. Ele trouxe
estabilidade e prosperidade a todos, exceto para os 250 mil
franceses que não retornaram de suas guerras, embora até
mesmo para os parentes deles tivesse trazido a glória. Sem
dúvida, os britânicos se viam como lutadores pela causa da
liberdade contra a tirania; mas em 1815 a maioria dos ingleses
era mais pobre do que o fora em 1800, enquanto a maioria dos
franceses era quase certamente mais rica.
Ele destruíra apenas uma coisa: a Revolução de 1789,
o sonho de igualdade, liberdade e fraternidade, do povo se
erguendo na sua grandiosidade para derrubar a opressão. Este
foi um mito mais poderoso do que o dele, pois, após a sua
queda, foi isto e não a sua memória que inspirou as revoluções
do século XIX, inclusive em seu próprio país.
(Adaptado de Eric. J. Hobsbawm. A era das revoluções −
1789-1848. 7ª ed. Trad. de Maria Tereza Lopes Teixeira e
Marcos Penchel. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1989, p.93-
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