10. Por que a ética do período clássico grego é consi- derada racionalista? Justifique com exemplos das concepções éticas dos filósofos desse período.
11. Aristóteles explicava a virtude como o meio-termo entre dois vícios. Com base nessa afirmação, explique a ética aristotélica.
12. Por que a ética do período medieval é chamada de cristã? Quais são os aspectos que a caracterizam como cristã e que a diferenciam da ética grega?
13. Para Santo Agostinho, a virtude é o bom uso da liberdade de escolha, do livre-arbítrio. Com base nessa afirmação, explique a ética agostiniana.
14. Por que a ética da Idade Moderna pode ser con- siderada uma ética antropocêntrica? Vincule sua resposta a uma interpretação da seguinte frase de Voltaire, um filósofo desse período, em seu Tratado de metafísica (cap. 9): "Ser desprezado por aqueles com quem se vive é coisa que ninguém pôde e jamais poderá suportar. Talvez seja esse o maior freio que a natureza tenha posto nas injus- tiças dos homens".
15. Para Kant, a virtude é a força das máximas do indivíduo na realização de seu dever. Com base nessa afirmação, explique a ética kantiana.
Soluções para a tarefa
10. Na esteira da herança socrática, a ética grega estava fundamentada na razão, entendida como capaz de um saber universal e de uma moral universal. O indivíduo que agia conforme a razão agia corretamente para Sócrates, que também dizia ser o vício resultado da ignorância. Platão entendia que o corpo, por ser a sede dos desejos e paixões, muitas vezes desvia o indivíduo do caminho do bem, e que, para alcançar a ideia do bem, é necessário “purificar-se” do mundo material. Aristóteles, por sua vez, dizia que o fim último de toda ação humana é a felicidade e que a felicidade maior encontra-se na vida teórica, promovida pela razão.
11. Toda ação humana tem como finalidade última a felicidade, mas em geral o ser humano equivoca-se nessa busca, seja por excesso, seja pela falta, tanto nos atos como nas paixões. Assim, Aristóteles recomendava, para uma vida virtuosa, o meio-termo, o equilíbrio entre esses dois extremos, que seriam os vícios. A virtude estaria no ponto médio entre eles.
12. A filosofia do período medieval europeu foi produzida pelos primeiros padres da Igreja Católica. As concepções éticas que se desenvolveram nesse período levam a marca do cristianismo. Caracterizou-se e diferenciou-se da ética grega por abandonar a visão racionalista do período anterior, entendendo o caminho ético como aquele que é orientado pelo amor a Deus e pela boa vontade, e por atribuir à subjetividade uma importância até então desconhecida, ao tratar a moral do ponto de vista estritamente pessoal, como uma relação entre cada indivíduo e Deus, isolando-o de sua condição social.
13. Ao tentar explicar como pode existir o mal no mundo, se tudo vem de Deus, que é bondade infinita, Santo Agostinho formulou a tese de que cada indivíduo pode escolher livremente entre aproximar-se de Deus ou afastar-se Dele: o afastamento de Deus seria o mal; a aproximação, o bem. Foi assim que Agostinho introduziu a ideia de escolha, de liberdade individual, de livre-arbítrio. Como cada indivíduo pode usar bem ou mal esse livre-arbítrio; é no bom uso da liberdade de escolha que está a virtude, e no seu contrário, o vício.
14. Com o humanismo renascentista, o ser humano e suas possibilidades voltaram a ser o centro das reflexões filosóficas, o que orientou uma concepção ética centrada na autonomia humana e em valores oriundos da compreensão acerca do que seria a natureza humana. Isso se observa na frase do iluminista Voltaire, que qualifica o “desprezo” social como o maior “freio natural” e regulador do indivíduo nas ações injustas. Nada de fundamentações teológicas, transcendentes, como na ética cristã. O que é insuportável para o indivíduo é ser desprezado por seus semelhantes, e essa é a maior punição que ele pode sofrer por seus erros.
15. Ética do dever, o dever entendido como expressão da racionalidade humana, única fonte legítima da moralidade. Virtuoso, para Kant, é todo ato praticado de forma autônoma, consciente, conforme o dever (ou seja, de acordo com uma máxima) e por dever (porque se entende que ela deve ser uma lei universal). Isso se expressa no imperativo categórico: “Age apenas segundo uma máxima [um princípio] tal que possas ao mesmo tempo querer que ela se torne lei universal”. Assim, as normas morais devem ser obedecidas como deveres, mas se trata de um tipo de dever que se confunde com a própria noção de liberdade, porque, para Kant, o indivíduo que obedece a uma norma moral atende à liberdade da razão, isto é, àquilo que a razão, no uso de sua liberdade, determinou como correto. Dessa forma, a sujeição à norma moral é o reconhecimento de sua legalidade, conferida pelos próprios indivíduos racionais. Por isso, há virtude quando o indivíduo se submete à força das máximas na realização de seu dever.