01 – A finalidade do texto é:
a) satirizar
b) argumentar
c) informar
d) emocionar
As histórias que remetem à criação do Dia Internacional da Mulher alimentam o imaginário de que a
data teria surgido a partir de um incêndio em uma fábrica têxtil de Nova York em 1911, quando cerca de 130
operárias morreram carbonizadas. Sem dúvida, o incidente ocorrido em 25 de março daquele ano marcou a
trajetória das lutas feministas, mas os eventos que levaram à criação da data são bem anteriores a este
acontecimento.
Desde o final do século 19, organizações femininas oriundas de movimentos operários protestavam
em vários países da Europa e nos Estados Unidos. As jornadas de trabalho de aproximadamente 15 horas
diárias e os salários medíocres introduzidos pela Revolução Industrial levaram as mulheres a greves para
reivindicar melhores condições de trabalho e o fim do trabalho infantil, comum nas fábricas durante o período.
O primeiro Dia Nacional da Mulher foi celebrado em maio de 1908 nos Estados Unidos, quando cerca
de 1500 mulheres aderiram a uma manifestação em prol da igualdade econômica e política no país. No ano
seguinte, o Partido Socialista dos EUA oficializou a data como sendo 28 de fevereiro, com um protesto que
reuniu mais de 3 mil pessoas no centro de Nova York e culminou, em novembro de 1909, em uma longa
greve têxtil que fechou quase 500 fábricas americanas.
Somente em 1945, a Organização das Nações Unidas (ONU) assinou o primeiro acordo internacional
que afirmava princípios de igualdade entre homens e mulheres. Nos anos 1960, o movimento feminista
ganhou corpo, em 1975 comemorou-se oficialmente o Ano Internacional da Mulher, e em 1977 o “8 de março”
foi reconhecido oficialmente pelas Nações Unidas.
“O 8 de março deve ser visto como momento de mobilização para a conquista de direitos e para
discutir as discriminações e violências morais, físicas e sexuais ainda sofridas pelas mulheres, impedindo que
retrocessos ameacem o que já foi alcançado em diversos países”, explica a professora Maria Célia Orlato
Selem, mestre em Estudos Feministas pela Universidade de Brasília.
No Brasil, as movimentações em prol dos direitos da mulher surgiram em meio aos grupos anarquistas
do início do século 20, que buscavam, assim como nos demais países, melhores condições de trabalho e
qualidade de vida. A luta feminina ganhou força com o movimento das sufragistas, nas décadas de 1920 e 30,
que conseguiram o direito ao voto em 1932, na Constituição promulgada por Getúlio Vargas. A partir dos
anos 1970 emergiram no país organizações que passaram a incluir na pauta das discussões a igualdade
entre os gêneros, a sexualidade e a saúde da mulher. Em 1982, o feminismo passou a manter um diálogo
importante com o Estado, com a criação do Conselho Estadual da Condição Feminina em São Paulo, e em
1985, com o aparecimento da primeira Delegacia Especializada da Mulher.
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