Vozes-Mulheres – Conceição Evaristo
A voz de minha bisavó ecoou
criança
nos porões do navio.
Ecoou lamentos
De uma infância perdida.
A voz de minha avó
ecoou obediência
aos brancos-donos de tudo.
A voz de minha mãe
ecoou baixinho revolta
No fundo das cozinhas alheias
debaixo das trouxas
roupagens sujas dos brancos
pelo caminho empoeirado
rumo à favela
A minha voz ainda
ecoa versos perplexos
com rimas de sangue
e
fome.
A voz de minha filha
recolhe todas as nossas vozes
recolhe em si
as vozes mudas caladas
engasgadas nas gargantas.
A voz de minha filha
recolhe em si
a fala e o ato.
O ontem – o hoje – o agora.
Na voz de minha filha
se fará ouvir a ressonância
O eco da vida-liberdade.
Texto retirado da antologia O negro em versos.
Leia atentamente a primeira e a segunda estrofe. A partir do que é dito sobre a vida da bisavó e da avó da eu lírico, qual é o contexto histórico em que elas viviam?
Qual a diferença entre o comportamento da mãe e da avó da eu lírico?
Na quarta estrofe, a eu lírico se apresenta ao leitor. Podemos dizer que nesse poema o eu lírico se aproxima da figura da autora? Sim ou não? Justifique.
Interprete a seguinte metáfora: “versos perplexos” / “com rimas de sangue” / “e” / “fome”.
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Explicação:
a resposta é a primeira
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