Português, perguntado por Daulian, 4 meses atrás

Você pode considerar que literatura é absolutamente tudo o que se pode ler desde que tenha um caráter artístico e representativo. É exatamente esse caráter artístico e representativo que diferencia os textos literários dos não literários.

Sabemos que os textos dialogam o tempo todo com seu contexto social, histórico, dialogam com o próprio autor, com o leitor, e abre possibilidades para as trocas com outras áreas do conhecimento. Como todo tipo de arte, a literatura está vinculada à sociedade em que se origina e não há artistas completamente indiferentes à realidade. Ao pensarmos nos textos literários sabemos que os pontos de contato entre eles podem ser diversos. Do contato com outras obras, com outros autores, a intertextualidade se faz presente.

A intertextualidade pode ser identificada por meio da citação direta e indireta, paráfrase, paródia, pastiche, referência, alusão e tradução.

A invenção de Hugo Cabret é uma obra que estimula a intertextualidade, por dialogar com outras histórias – inclusive reais –, com o cinema e com outros livros de linguagem análoga. Traz um movimento intertextual com muitos detalhes.
A partir das leituras propostas observe algumas características de intertextualidade e hibridez da obra literária. Quais os diálogos do texto com outras áreas, o que está presente na estética, na forma, e na contextualização textual? Coloque-se no lugar de um comparatista e faça uma análise entre a linguagem literária e a cinematográfica. Aponte as principais características de contextos, linguagens e formas.

Soluções para a tarefa

Respondido por suisantos
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Resposta:

A obra literária A invenção de Hugo Cabret apresenta muitos aspectos interessantes: é composta de linguagem híbrida, que envolve imagens e palavras, o que remete à grafic novel, à HQ, ao cinema e às diferentes tecnologias de informação e comunicação.

Sua intenção, entretanto, não é simplificar o acesso à narrativa, mas tratar a imagem como recurso contemporâneo, capaz de exigir competências complexas de compreensão, decodificação e simbolização. A narrativa rompe com o cânone tradicional da leitura literária e se vincula ao tempo presente. Também pelos ingredientes de efabulação, a linguagem enreda o leitor na narrativa e atualiza, por meio da personagem principal, o interesse pelo passado, única forma de desvendar o mistério anunciado no capítulo primeiro.

Na sequência, à medida que evolui, a trama remete à realidade, pois dialoga com a história de Georges Méliès (1861-1938), um dos criadores do cinema, e propõe à discussão do que há de verdade e de ficção no enredo. Esse movimento, que atualiza uma forma de intertextualidade com a história real, supõe a possibilidade de discutir uma importante função da literatura: dar a conhecer um contexto social (a virada do século XIX/XX), especialmente os aspectos culturais e científicos de Paris, um dos mais importantes centros urbanos da época.

Tempo e espaço, além de elementos estruturais da narrativa, são explorados no texto como ícones de um tempo de busca e mudança, capaz de introduzir novas tecnologias, como o cinema, e de conduzir a descoberta/o crescimento pessoal do protagonista, bem como a atualização do passado, pelo resgate da memória de Méliès. Ao serem representados por imagens e por palavras, tempo e espaço valorizam a linguagem do receptor, capturam seu interesse para a efabulação e as relações que ela pode estabelecer com o mundo real.

Por outro lado, ao simular histórias de vida para apresentar aspectos do real, a narrativa cria personagens complexos, imersos em problemas que fazem sentido na contemporaneidade, representados por relações afetivas, perdas, vínculos pessoais com traumas do passado e a necessidade de resolvê-los para poder crescer, projetar o futuro e ser feliz. Nessa perspectiva, oferece ao leitor a oportunidade de vivenciar experiências intensas da vida humana, a partir da linguagem e por meio da ficção.

A leitura literária abre, então, perspectiva para estabelecer relações com diferentes situações de produção e recepção, pois dá conta do contexto social da época apresentada no texto com recursos que interessam o leitor hoje e habilita a estabelecer relações com outros textos, Tom Sawyer, por exemplo, explora recursos das novas tecnologias de comunicação e informação e abre perspectiva de refletir também sobre outras artes, colocando a experiência de criar em interação e diálogo.

Explicação:

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