Pedagogia, perguntado por alvesitamar27, 5 meses atrás

Você já pensou em como a adoção internacional de bebês e crianças pode ser interessante para estudar a aquisição de primeira e segunda línguas? A criança adotada passa o início de sua vida adquirindo uma língua, mas é interrompida quando muda de país com sua família adotiva, por vezes nunca mais retomando contato com sua língua de origem. Seria possível que essa língua interrompida exerça influência na aquisição da nova língua? Haveria remanescentes dessa língua subdesenvolvida no cérebro/mente da criança mesmo após sua aquisição ter sido interrompida?

Um grupo de linguistas de Montreal decidiu investigar se crianças chinesas que foram adotadas por canadenses francófonos aos 12 meses de idade mantinham conhecimentos inconscientes sobre o chinês, mesmo não tendo nenhum contato com a língua chinesa após sua adoção. Utilizando a técnica fMRI, os pesquisadores estudaram imagens cerebrais de três grupos de crianças:

Grupo 1: Crianças chinesas de 13 anos de idade que foram adotadas aos 12 meses e, a partir de então, só tiveram contato com a língua francesa, não sendo capazes de falar chinês nem mesmo de se lembrar de qualquer experiência pré-adoção (monolíngues francês, origem chinesa);

Grupo 2: Crianças chinesas de 13 anos que se mudaram com suas famílias chinesas para Montreal, tornando-se bilíngues francês-chinês (bilíngues francês-chinês);

Grupo 3: Crianças francesas de 13 anos que nunca tiveram contato com o chinês (monolíngues francês, origem canadense).

Veja quais foram os resultados do estudo:

Descrição da imagem não disponível

​​​​​​​Com base na análise dos resultados, responda:

a) Considerando que a língua não é um comportamento hereditário, explique por que os monolíngues de origem chinesa (crianças de 13 anos que perderam o contato com o chinês aos 12 meses de idade) apresentaram o mesmo resultado que os bilíngues francês-chinês (crianças de 13 anos expostas ao chinês desde o seu nascimento).

b) Dentre as teorias de aquisição estudadas nesta Unidade de Aprendizagem, há alguma que não consiga explicar esses resultados? Se sim, por quê

Soluções para a tarefa

Respondido por vivienemelo
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Resposta:

Os resultados do estudo de Pierce, Klein, Chen, Delcenserie e Genese  (2014) demonstram que o conhecimento linguístico adquirido nas primeiras experiências linguísticas do bebê são mantidas em nosso cérebro/mente mesmo que essas experiências não sejam continuadas por vários anos. Ou seja, a criança não perde os conhecimentos linguísticos adquiridos em seu primeiro ano de vida mesmo após uma longa interrupção. Ainda que a criança não seja capaz de expressar esses conhecimentos linguísticos de forma consciente, não seja capaz de falar ou compreender a língua de sua primeira experiência linguística, sua presença e influência se faz presente em seu cérebro/mente. Tendo isso em vista, é possível atribuir os resultados obtidos pelos monolíngues de origem chinesa e sua semelhança aos resultados obtidos pelos bilíngues chinês-francês à experiência linguística que ambos os grupos desfrutaram em seu primeiro ano de vida.

b) Considerando que o principal mecanismo de aquisição de linguagem apontado pela teoria behaviorista é o estímulo>resposta>reforço, e que o reforço linguístico se mostra ausente em casos como o de bebês internacionalmente adotados, não seria possível explicar via behaviorismo os resultados obtidos pelo estudo de Pierce, Klein, Chen, Delcenserie & Genese (2014). Segundo os preceitos dessa teoria, a privação deveria atuar como um reforço negativo, inibindo os conhecimentos linguísticos de chinês, que não deveriam se manter ativos mesmo após 12 anos de hiato linguístico. Outro ponto não previsto pela teoria behaviorista, seria a semelhança entre os resultados dos grupos bilíngue e monolíngue (origem chinesa), dado que bilíngues apresentariam 12 anos de reforço a mais que o grupo monolíngue (origem chinesa), não se esperaria que ambos tivessem o mesmo resultado no teste linguístico. Ou seja, essa semelhança nos resultados dos grupos demonstra que o reforço não apresenta papel essencial na aquisição da linguagem, contrariamente ao defendido pelo behaviorismo.

Explicação:

fiz a atividade

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