VIVIANE SENNA é que tipo de empreendedora?
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Resposta:
"Você é famosa?", pergunta uma criança. "Não, meu irmão é que é", responde Viviane Senna, 48, psicóloga e empreendedora.
Não é verdade. As pessoas falam dela. Falam muito, mas não a conhecem. Só o que se sabe de Viviane é que ela tem dinheiro, que é irmã de Ayrton e que não passa seus dias entregue a futilidades. Mas o que exatamente faz essa mulher ninguém sabe dizer.
É fácil falar que ela faz porque é rica. Muitos têm dinheiro. É óbvio dizer que para ela tudo é mais simples, já que o sobrenome Senna é uma engenhosa chave mestra. É verdade, mas de nada vale um sobrenome sem um sonho.
O sonho é o que Ayrton lhe assoprou dois meses antes de morrer, mas que já era dela. É também uma angústia forte, intensa, que vem da certeza de que é possível mudar. No país, Viviane enxerga o potencial que vê nas crianças.
"Com tudo o que o país tem e é, é inaceitável que não possa dar certo. Temos 500 anos não dando certo. Isso é responsabilidade nossa. Fomos uma elite irresponsável, focada nos próprios interesses, de costas para o Brasil, voltada para a Europa e para os EUA."
O desavisado pode se surpreender: Viviane Senna não é uma dondoca. "Nunca tive tempo para ser", diz. "Ter dinheiro não torna a coisa fácil, não significa nada. O governo, por exemplo, tem muito dinheiro. O problema é o que se faz com isso. Eu poderia sentar dez minutos por semana e assinar um monte de cheques, distribuí-los por instituições. Depois, iria passear no shopping, esquiar nos Alpes. Dez minutos. Mas não acredito que isso ajude."
Os gestos delicados e os olhos expressivos (marejados quando falam de sonhos) revelam uma firmeza impressionante. Tudo em Viviane é refletido, é pensado, mas não é por falta de espontaneidade. Há nela uma necessidade de tomar as rédeas de tudo -pelo menos, do que é possível tomar.
O acidente que matou Ayrton em 1994 mudou a vida da psicóloga introvertida. Tirou-a de seu cantinho seguro, no qual se refugiava desde os tempos de pequena, do colégio de freiras em São Paulo. Naquele mesmo ano, fundou o Instituto Ayrton Senna.
Dois anos depois, ficou viúva. Mãe de três filhos, manteve o ritmo alucinante de trabalho que a faz se esquecer de si mesma. A tarefa que ela própria se impôs é árdua: é de atacado, não de varejo.
O instituto é como Viviane. Só o que se sabe dele é que beneficia muitas crianças e adolescentes. O que ele faz de fato ninguém sabe.
A entidade fabrica tecnologias sociais, estratégias para desenvolver o potencial das pessoas. O esporte, a arte e a informática são instrumentos para o mesmo fim: ensinar a sonhar, e a fazer os sonhos se tornarem realidade.
As tecnologias desenvolvem competências pessoais (ter projeto de vida, auto-estima), sociais (aprender a ouvir o outro, respeitar limites, regras e diferenças), cognitivas (ler, fazer cálculo, transformar informações em conhecimento) e produtivas (saber gerenciar, planejar, organizar-se para o mundo do trabalho).
"O Brasil jamais vai esquecer o Ayrton Senna. E dela [Viviane] vai ser difícil eu me esquecer", diz Thiago Britto, 15, sobre uma mulher que ele mal conhece, que só viu uma vez. A verdade é que ele sabe o que ela faz. E é só essa fama que interessa a Viviane.
Espero ter ajudado!