Sociologia, perguntado por esthefany25, 1 ano atrás

vimos algumas teorias sobre meio ambiente quais são os aspectos mas relevantes da teoria de Antônio Cândido e vândalo seiva para pensar na relação entre modernização e meio ambiente ? que conceito esses autores utilizam para sua análise?

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Respondido por aaamaralayana
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Antonio Candido: sociólogo frustrado, antropólogo que se camuflou, crítico literário realizado? Qual o melhor retrato deste cientista social que, de maneira cautelosa, deixou sua marca em tantas áreas de conhecimento no Brasil? 

"Sempre fui muito tímido; sempre achei que não sabia nada; que aquelas coisas que eu sei não interessavam a ninguém."(1)

Há alguns anos Antonio Candido sugeriu que o caminho para a independência intelectual de um país passa pela construção de linhas de pensamento reconhecidas socialmente, as quais permitem que as importações do exterior sejam assimiladas sem que se transformem, necessariamente, em puro mimetismo (Candido, 1972) É nesse espírito que este trabalho se desenvolve, tendo o próprio Antonio Candido como objeto de investigação. Minha pretensão é mostrar o lado antropológico de sua obra, tanto em sua vertente sociológica quanto em sua crítica literária. A idéia, portanto, é de incluí-lo na linhagem do pensamento antropológico no Brasil como alguém que fez antropologia sem querer. 

Felizmente a visão de mundo da antropologia não é privilégio dos antropólogos. Antonio Candido não é nem foi o único a fazer antropologia escondido. Mas ele é exemplo excelente pela qualidade e atualidade do seu trabalho, além de ter estado sempre muito perto, sempre namorando a antropologia. Através da sua obra estaremos abrindo as portas para que se recupere também Sérgio Buarque de Holanda - o Sérgio de Raízes do Brasil -, tão brilhante na indicação de problemas etnográficos. Que as barreiras institucionais não limitem a nossa imaginação. No desenrolar do argumento, a perspectiva de Antonio Candido surgirá como paradigmática, não só para se pensar a antropologia no Brasil, mas para as ciências sociais em geral.

"A sociologia de Durkheim é uma espécie de cânone da Universidade de São Paulo, trazido pelos franceses a partir de 1934. Mas ela já tinha raízes aqui. Alguns sociólogos precursores, tal como Fernando de Azevedo, já estavam plenamente lançados na influência durkheimiana."

Um bom início talvez seja colocar a questão dentro de uma problemática familiar a Antonio Candido. Trata-se da relação entre indivíduo e sociedade, tão discutida na sociologia clássica, na qual, procuraremos situar Candido como ator e personagem. 

A muitos pode parecer estranho colocar em tais termos o caso da própria comunidade de cientistas sociais. No entanto, como qualquer outro ator social, o sociólogo ou o antropólogo é socializado em determinado meio institucional, ao qual ele se conforma, adapta ou modifica. Neste processo, vocações são formadas e delineadas, algumas encontrando respaldo social-institucional, outras sendo rejeitadas e negadas. 

Este trabalho procura mostrar como Antonio Candido, o respeitado crítico literário de hoje, ilustra o caso de um intelectual que sofreu dificuldades em se adequar ao quadro institucional da época de sua formação. Tivesse ele nascido 20 anos depois, diferentes opções lhe teriam sido oferecidas. Sugiro que uma delas teria sido a antropologia, pela afinidade que seu trabalho tem com certas posturas básicas do pensar antropológico contemporâneo. Pretendo tocar em três tópicos: primeiro, relembrar alguns aspectos da academia no início das "ciências sociais" no Brasil; segundo; repensar Os Parceiros do Rio Bonito Literatura e Sociedade de uma perspectiva antropológica e, finalmente, chamar a atenção para a relação entre tradições intelectuais e suas definições institucionais, em diferentes momentos de uma mesma sociedade.

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