VIDA E MORTE
De onde viemos e para onde vamos são dois grandes questionamentos que perseguem a humanidade, a filosofia e a ciência há séculos. E, para muitos, são incógnitas que só têm resposta nas religiões. A fé funciona como um ponto de apoio para saber lidar com dúvidas e, principalmente, com as perdas.
A relação entre morte e vida sempre foi e será muito estreita. Mesmo com dogmas distintos, todas as religiões pregam coisas boas como o amor ao próximo e a paz. E viver dessa forma garante uma “boa partida” para cada um, independente da crença. Hoje, na última matéria do especial Intolerância Religiosa, vamos conhecer a visão de quatro crenças sobre a temática morte e vida.
Catolicismo: o céu começa aqui na Terra
Ter empatia e amor ao próximo são alguns preceitos pregados pelo catolicismo para serem colocados em prática por seus fiéis e os tornarem verdadeiros merecedores do céu. Para o padre Pedro Cabello, reitor do Santuário Mãe Rainha, em Ouro Preto, Olinda/PE, a fé deve transcender os muros da igreja. “Não podemos mais agir como antigamente, em que a fé era vivida apenas dentro da igreja. Temos que levá-la conosco para a vida cotidiana, pois essa será a última prova que vamos passar e Jesus vai nos questionar”, afirma.
O padre alerta que muitas vezes o pedido de ajuda está mais próximo do que achamos. “Basta olhar ao nosso redor. Às vezes o problema está dentro de casa ou em nossa vizinhança. Quantas pessoas em nosso bairro dependem dos outros?”, questiona. Os ensinamentos católicos dizem que a forma como se vive na terra rege como será o pós morte. Os seres morrem apenas uma vez e são julgados por seus atos na Terra. A partir disso, vão para o céu, purgatório ou inferno.
O religioso destaca que esse é um tema tabu entre os seguidores do catolicismo. “Cada vez mais nos afastamos do fenômeno morte. Mas toda a nossa vida e fé se encaminham para o momento da partida para a casa definitiva. Temos que tomar consciência de que a vida do ser humano, por ser criação, tem um começo e um fim. Não acreditamos em reencarnação”, afirma.
Espiritismo: A morte é apenas uma passagem
O Livro dos Espíritos, publicado em 1857, é considerado o marco de fundação do Espiritismo. A obra, escrita pelo educador e tradutor francês Allan Kardec, reúne mais de mil princípios doutrinários da religião. Os praticantes acreditam que os seres humanos são espíritos reencarnados na Terra em busca de constante evolução. O livro é composto de perguntas e respostas que Kardec fez aos espíritos sobre temas universais como morte, vida, relações familiares, dentre outras.
A religião acredita que Deus criou os espíritos sem discernimento do bem e do mal. Quando estes vêm a Terra, passam por provações e, devido ao livre-arbítrio, tem o direito de escolher como querem viver. Com a morte física, o espírito segue uma jornada de evolução. Os que praticam o “mal” recebem novas chances, por meio das encarnações, e os que fazem o “bem”, evoluem mais rapidamente. “Para Allan Kardec, o verdadeiro espírita é aquele que luta para domar as suas más tendências, procurando ser melhor a cada dia”, afirma Frederico Menezes, estudioso, que já lançou 14 livros relacionados ao espiritismo e viaja o país realizando palestras sobre o assunto há 37 anos.
Para Frederico a evolução espiritual vem através das reencarnações.“O espiritismo matou a morte. Tirou a visão macabra que os estudiosos tinham dela. Mostrou que a morte é uma apenas uma passagem”, finaliza.
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Vida e morte constituem os limites extremos da existência humana nesta terra. ... Fazem parte da normalidade do cotidiano, mas quando irrompem assustam e geram espanto, pois a vida desafia a morte e a morte desafia a vida. Nascemos para morrer e morremos para viver.
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