Viagem ao país da infância
O dia amanhecia perfumado de café e pão torrado. A bata era branca e as tranças longas. A escola, do outro lado da vila. No largo da escola cresciam as azedas, os pequenos malmequeres.
Era bom molhar os pés no orvalho matinal, correr entre os bancos vermelhos, respirar o cheiro [...] que ardia nos fornos e nas lareiras.
A escola era enorme. Ou não era? [...]
As carteiras tinham espaço para a fraterna comunhão dos lápis, das ardósias, das caixas de fósforos onde se guardavam os pequenos mistérios: joaninhas encarnadas, uma formiga com asas, uma borboleta adormecida.
Nas paredes havia mapas, mapas velhos, amarelados, que era preciso e fácil saber de cor. Viajava-se nesses mapas das linhas-férreas, dos rios e das serras, em frágeis comboios, em barcos maravilhosos, de norte a sul. [...]
A minha professora era alta e forte. Ou eu era muito pequena? [...] Chamava-se Maria Rosa Lopes e tinha dois canários e um canteiro de morangos junto a casa. Não a consigo dissociar destes elementos, talvez porque fossem os únicos pássaros engaiolados da vila e os únicos morangos que eu vi, até muito tarde.
Às vezes, deixava-nos nos barcos dessas viagens ao fim da terra e ia a casa, que era mesmo ao lado, num breve instante, adiantar o almoço dos filhos ou buscar brasas para uma bacia de cobre com que aquecia a sala, no Inverno. Junto com os parágrafos, as conjunções, as dinastias, havia poemas, o cheiro da cebola refogada e, às vezes, um morango vermelho que era prêmio. [...]
No centro de tudo isto: perfumes, bichos, terra, flores, canções, mapas, morangos, canários, aquela mulher era uma catedral [...], tranquila, protetora, ímpar: Inesquecível.
Na minha escola, descobri a força e a magia das estações do ano [...]. E a minha infância foi assim, pelas mãos dessa professora tão poderosa e discreta, um receptáculo magnífico de vivências, de aprendizagens do que é essencial e perpétuo para se caminhar na vida. [...]
Qual trecho desse texto evidencia que o narrador participa da história?
“O dia amanhecia perfumado de café e pão torrado.”. (1º parágrafo)
“No largo da escola cresciam as azedas, os pequenos malmequeres.”. (1º parágrafo)
“Nas paredes havia mapas, mapas velhos, ...”. (5º parágrafo)
“A minha professora era alta e forte. Ou eu era muito pequena?”. (6º parágrafo)
“Chamava-se Maria Rosa Lopes e tinha dois canários...”. (6º parágrafo
kaikyeduardoribeiro:
letra (D)
Soluções para a tarefa
Respondido por
2
Resposta: "A minha Professora era alta e forte. Ou eu era muito pequena?
Ao Constatar a palavra 'minha', percebe-se que seria um Texto onde o narrador é um personagem, onde fica evidenciado que o mesmo usa o pronome pessoal possessivo em primeira pessoa "Minha".
Histórias onde o narrador é personagem, são narradas em 1º pessoa.
Respondido por
1
“A minha professora era alta e forte. Ou eu era muito pequena?”. (6º parágrafo)
ambos os termos destacados retratam que a narradora está na história.
Perguntas interessantes