Vestindo água, só saído o cimo do pescoço, o burrinho tinha de se enqueixar para o alto, a salvar também de fora o focinho. Uma peitada. Outro tacar de patas. Chu-áa! Chu-áa... – ruge o rio, como chuva deitada no chão. Nenhuma pressa! Outra remada, vagarosa. No fim de tudo, tem o pátio, com os cochos, muito milho, na Fazenda; e depois o pasto: sombra, capim e sossego... Nenhuma pressa. Aqui, por ora, este poço doido, que barulha como um fogo, e faz medo não é novo: tudo é ruim e uma só coisa, no caminho: como os homens e os seus modos, costumeira confusão. É só fechar os olhos. Como sempre. Outra passada, na massa fria. E ir sem afã, à voga surda, amigo da água, bem com o escuro, filho do fundo, poupando forças para o fim. Nada mais, nada de graça; nem um arranco, fora de hora. Assim.
ROSA, João Guimarães. Sagarana. 12. ed. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1970.
Analisando o fragmento do conto "O burrinho pedrês", pode-se dizer que nele a voz do narrador, em alguns momentos, parece confundir-se com um pensamento que se poderia atribuir à personagem. Esse recurso linguístico caracteriza discurso
a) direto.
b) indireto.
c) indireto livre.
d) direto e indireto.
e) direto e indireto livre.
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Resposta:
b)indireto
Explicação:
O narrador narra a história mais não participa dos acontecimentos.
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