Contabilidade, perguntado por Usuário anônimo, 11 meses atrás

Vantagens e desvantagens da fusão entre a Embraer e a Boeing ​

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Respondido por parkannaj7
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A tão propagada fusão entre Boeing e Embraer, é fundamental neste exato momento para ambas as empresas. O planeta é o tabuleiro do eterno jogo de xadrez do mercado aeroespacial e este movimento é desejoso, crucial talvez, para ambos.

Explico.

A empresa de Chicago e o governo norte-americano deflagraram a crise ao apertar a Bombardier, impondo à ela 300% de taxas se quisesse vender aeronaves à Delta Airlines e, por tabela, o governo canadense na eterna questão dos subsídios governamentais àquela empresa – uma perene reclamação da Embraer mas que migrara para a Boeing à medida em que o tráfego aéreo aumentou, fazendo com que as aeronaves regionais encostassem cada vez mais nas áreas de atuação das gigantes Boeing e Airbus.

No Canadá de Justin Trudeau, questões nacionais são tratadas com entusiasmo, principalmente se identificadas desvantagens à província de Quebec, coincidentemente onde se encontra a maior parte da Bombardier. A pressão acabou levando à absorção pela Airbus da linha da Série C de 100-150 lugares, um segmento que deve demandar cerca de 6.000 novos aviões nos próximos 20 anos. No papel a Airbus terá 50,01% da linha, mas na realidade o controle será total sobre os aviões comerciais da Bombardier.

De repente, a Boeing se viu diante do fortalecimento de sua maior rival e sem um produto para enfrentá-la. Qualquer desenvolvimento de uma aeronave nova levaria tempo demais e o único avião que garantiria à empresa norte-americana uma rápida resposta no quesito time-to-market era o esperado E-2 da Embraer, considerado o melhor avião de sua classe antes mesmo de entrar em serviço.

Além disto, desenvolver e fabricar aviões no Brasil é mais barato do que montá-los no primeiro mundo, e isto é uma vantagem competitiva. Assim, o que já vinha se configurando há alguns anos para aqueles que ousavam olhar para a frente de forma analítica, se torna emergencial, hoje, para a Boeing.

No caso da Embraer, a joint venture Airbus-Bombardier também a coloca em situação difícil. Se para a gigante americana, enfrentar o novo conglomerado é essencial, para a empresa brasileira, cujo grosso da venda vem da aviação regional, e que vinha, assim como sua rival canadense, evitando invadir o mercado dos dois gigantes, o futuro se torna muito complicado. Os cachorros grandes finalmente chegaram à briga. Estima um dos mais capazes especialistas do mercado aeroespacial brasileiro que neste cenário a Embraer sentirá os efeitos de sua limitada posição neste novo desenho de mercado, no máximo, nos próximos três ou quatro anos, o que resultaria no início de uma queda acentuada de market share. Um outro efeito muito interessante e positivo da associação da Embraer com a Boeing é a possibilidade de a empresa brasileira participar do desenvolvimento da família de aviões que sucederá a linha 737. As equipes de engenharia da Boeing voltadas à área de aviação comercial estão se aposentando ou concentrando em aviões maiores. Assim, diante deste cenário, a associação em discussão deve se consolidar em curto

espaço de tempo.

Mas existe um problema.

O braço de defesa da Embraer corresponde hoje a não mais do que 20% do faturamento total da empresa. É uma área crítica para a manutenção da soberania do país no mercado aeroespacial do futuro, porque é a que diz respeito à sua aptidão de desenvolver suas próprias soluções, uma situação da qual o Brasil não abre mão desde o início dos anos 50, quando compreendeu que uma dependência em relação à indústria de Estados hegemônicos não permitiria jamais uma capacidade de defesa e dissuasão real e efetiva.

Por mais que tenha se destacado ao capitanear produtos bem pensados e desenvolvidos, a verdade é que a área militar da empresa nunca foi uma campeã de vendas, esbarrando na concorrência de gigantes do setor e na pequena projeção geopolítica do país naquele campo. Uma associação com a maior empresa aeroespacial do planeta poderá trazer um crescimento na exportação de produtos de defesa não estratégicos, abrindo caminho também para uma elevação de nível da força de trabalho brasileira.Assim, quando o governo brasileiro diz que “...não se examina” a transferência do controle da empresa para o capital estrangeiro, não está inviabilizando o negócio.

Na verdade, a Embraer já pertence em sua maior parte ao capital estrangeiro de forma pulverizada, uma vez que a maioria de suas ações está em bolsa. O que o governo detém e deve defender, é o controle sobre as decisões que recaem sobre os programas de defesa estratégicos para o país.

Programas estes, que, até aqui foram salvaguardados desde a privatização da Embraer pelos representantes apontados pelo governo brasileiro no Conselho de Administração da empresa e pelas sucessivas levas de executivos e diretores quase que exclusivamente brasileiros comprometidos com a soberania

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