História, perguntado por oyaksousa, 5 meses atrás

VALENDOOO CODIGUINNN!!


A Revolta da Chibata beneficiou o povo negro inserindo na sociedade de maneira igualitária? EXPLIQUE...​


oyaksousa: vou mandar quem pegar ganha
oyaksousa: da calça anjelical
robertdiglio: ja respondi
robertdiglio: è codigo de gift card????

Soluções para a tarefa

Respondido por robertdiglio
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Resposta:

De repente, aquele que parecia ser mais um dia comum acabou entrando para a nossa história.  O que a elite brasileira nunca imaginou que pudesse acontecer acabou ocorrendo: os marinheiros – quase todos negros – tomaram o comando dos principais navios de guerra do Brasil das mãos dos oficiais – quase todos brancos – e gritaram por liberdade, voltando os canhões para a capital da República e ameaçando o palácio presidencial. Era 22 de novembro de 1910, data da resposta a uma opressão sobre a qual precisamos falar um pouco, antes de explicar a revolta.

A Marinha do Brasil, criada em 1822, enfrentava dificuldades durante o Império para obter pessoal suficiente para ingressar em suas fileiras. A fim de resolver esse problema, o governo imperial buscou, em vários momentos, regulamentar o alistamento militar. No Segundo Reinado, d. Pedro II emitiu o decreto 1.591, em 14 de abril de 1855, estabelecendo três formas de entrada na Marinha: menores de idade poderiam ser indicados pelos pais ou tutores, educados para servirem nos navios depois de um tempo de preparação; e, para os adultos, havia a possibilidade do voluntariado ou do alistamento compulsório. Como quase sempre a quantidade de voluntários não atendia às necessidades, então se partia para o recrutamento forçado por meio de decretos e avisos que estabeleciam anualmente quantos homens cada província deveria ceder à Marinha.

Assim, as províncias, a fim de cumprir a exigência, retiravam à força homens de suas famílias e os obrigavam ao serviço militar. A ação autoritária e violenta se dava não contra os filhos dos cafeicultores e/ou membros de famílias nobres imperiais, mas sim contra trabalhadores urbanos ou rurais, negros e pobres. Muitos em situação precária, vivendo em cortiços, alguns dormindo nas ruas, outros com passagem pela polícia, eram recolhidos forçosamente e tinham seus destinos decididos sem terem o direito de opinar sobre o rumo de suas vidas.

A “sentença” definida pelo Estado para esses homens era de, no mínimo, 15 longos anos de engajamento obrigatório, até que pudessem deixar a carreira militar. Nas embarcações, não eram apenas soldados, mas faziam também o serviço “pesado”: carregavam compras, cozinhavam, pintavam e faziam faxina, sempre a mando dos oficiais, que eram brancos e, quase sempre, originários de famílias abastadas – ao negro era vedada a possibilidade de ser oficial. Segundo o historiador Álvaro Pereira do Nascimento, 75% dos marinheiros eram negros. Para o pesquisador Edgard Carone, 80% eram negros e mulatos, 10% caboclos e 10% brancos. De qualquer forma, fica clara a hegemonia de negros na baixa patente.

Reproduziam-se na Marinha as relações de trabalho presentes na sociedade brasileira oitocentista: de um lado os patrões brancos, de outro os escravos negros. Mas, assim como se dava nas forças produtivas, havia várias formas de resistência à opressão. Foram muitos os casos de deserção e desobediência às ordens superiores. Muitas vezes, a polícia fazia o papel de capitão-do-mato, perseguindo os marinheiros nas ruas da cidade onde seu navio havia aportado. Frequentemente davam entrada nas delegacias pessoas suspeitas de deserção. Era comum também que negros identificados como capoeiristas – prática cultural proibida na época – fossem enviados à Marinha para prestar, à força, o serviço militar.

Além do alistamento forçado, as condições de trabalho eram péssimas e os castigos, desumanos. O soldo era muito baixo, insuficiente para o sustento do marinheiro; além disso, a má alimentação era recorrente. Eram submetidos à vigilância intensa; até a licença para passear em dia de folga teria que ser aceita por um oficial. Além da chibata, havia outras punições como a golilha – ferro que prendia a vítima pelo pescoço, muito usado contra os escravos – e a prisão, em correntes, pelo período de três a oito dias na solitária, com alimentação a pão e água.

O professor Álvaro Pereira do Nascimento estudou processos, no Arquivo Nacional, do período que vai das últimas décadas do Império até as primeiras do período republicano. Entre os casos identificados por ele, destacamos o que envolveu o marinheiro Laurentino Manoel da Silva. Após brigar com outro marinheiro e resistir à prisão, Laurentino foi condenado discricionariamente pelo oficial imediato José Cândido Guillobel a receber 500 chibatadas. Guillobel chegou a responder a um processo pela punição considerada exagerada, mas acabou inocentado, uma vez que o tribunal militar foi convencido de que, como o marinheiro havia voltado ao trabalho normalmente após as chibatadas, o castigo teria sido adequado. Após centenas de casos parecidos ao longo de várias décadas, em 1910 um grupo de marinheiros começou a preparar uma revolta; na pauta, melhores condições de trabalho, aumento do soldo e, principalmente, a extinção do castigo físico na Marinha do Brasil.

Explicação:

Respondi '-'

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