URGENTÍSSIMO!!!
A) Gregório de Matos Guerra estudou em Portugal e trouxe o gosto pela Literatura para a sua terra (Bahia). Ele produziu apenas poemas adequadas aos temas e visões de mundo do Barroco Europeu?? Explique
B)Por que se diz que Gregório é o maior exemplo do barroco culturista no Brasil?? Isso significa que ele não explorou a vertente conceptista?
C) Como Gregório trabalha os temas de amor e do carpe nos poemas "Soneto a Dona Angela de Sousa Paredes" e "Discreta e formosíssima Maria"?
D) Como se caracteriza a lírica filosófica de Gregório nos poemas "desenganos da vida humana metaforicamente" e "Nasce o sol e não dura mais que um dia"?
E) Que tipo de poema rendeu a Gregório o apelido "Boca de Inferno"? (Esse poeta se adequava aos padrões do Barroco Europeu?) Caracterize essa poesia com base nos textos "Meditando nas cousas do mundo", "Décima pica-flor" e "Triste Bahia"??
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Gregório de Matos, como filho de senhor de engenho e bacharel em Direito, encontra-se em uma posição central neste cenário, tendo condições de pensar e analisar seu momento histórico sob diversas perspectivas. Gregório de Matos, apesar de ter tido diversos cargos de poder, resolve desligar-se de tudo e viver à margem da sociedade como um poeta itinerante, percorrendo o recôncavo baiano e frequentando festas e rodas boemias. Porém, mesmo distanciado da sociedade hipócrita a qual ele condena, ele também se insere nela, pois Gregório ainda depende da nobreza e vive à custa de favores deles. Ao mesmo tempo, ele encara o papel do portador de uma “voz crítica” sobre essa mesma sociedade na qual ele se insere.
Conforme explica José Wisnik, o poema satírico de Gregório de Matos é marcado por essa “briga” entre uma sociedade “normal” – que é a do homem bem nascido” – e outra “absurda” – que é composta por pessoas oportunistas, mas que estão instaurados no poder. Porém, no caso de Gregório de Matos a “sociedade absurda” é real, pois é a Bahia onde ele vive; e a sociedade considerada “normal”, que é a dos homens bem nascidos e cultos, é absurda perante a realidade baiana. Assim, ambas são consideradas absurdas uma perante a outra. Esse impasse é o da realidade histórica desse momento, coexistindo em um mesmo locas duas Bahia: uma “normal”, que é vista com ar nostálgico, e outra “absurda” e amaldiçoada.
Se de um lado existe a obra satírica de Gregório de Matos, onde ele expõe e critica sem nenhum pudor a sociedade da época, de outro lado há também a poesia lírica produzida por ele. Seus poemas líricos são comumente divididos em: lírico-amorosos e burlescos/eróticos. Há ainda uma vasta produção de poemas com temática religiosa. Porém, há de se ressaltar que a ironia e crítica social existente nos poemas satíricos não são deixados de lado em sua produção lírica e religiosa.
Na poesia amorosa e erótica de Gregório de Matos, o tema básico continua sendo o choque de opostos: “espírito” e “matéria”, “ascetismo” e “sensualismo”. Essa visão dualista também aparece na figura da mulher desejada, sendo que esta representa uma espécie de “anjo-demônio”. É interessante notar que na obra de Gregório de Matos o “outro lado” em um par de opostos sempre irá conter um pedaço do seu par antagônico. Ou seja, se tomarmos por exemplo a figura da mulher, quando ela aparece como um ser angelical, ela também terá uma parte demoníaca, e vice-versa.
Dessa forma, a poesia lírico-amorosa de Gregório de Matos é construída em torno de contradições e pares de opostos, utilizando figuras de linguagens como o oximoro, que reforça essas contradições. Porém, deve-se ter em mente que estas contradições não se anulam e a mensagem final que o poeta passa é de que “diferença é identidade”. Já a poesia erótica de Gregório de Matos, na qual o poeta utiliza uma linguagem mais direta e explícita do que na lírico-amorosa, o amor carnal aparece como forma de libertação do corpo e, por consequência, do indivíduo também.
Por fim, tem-se a poesia religiosa de Gregório de Matos, que também é trabalhada constantemente através de pares de opostos. O ambiente fortemente cristão do período barroco, faz-se presente aqui, onde os pares antagônicos da vez é a “culpa” versus “perdão”. Gregório de Matos faz uso da poesia para se libertar e ela é a única forma possível de salvação para o poeta. Esta salvação não se dá somente entre o poeta e Deus, mas também perante a sociedade e si mesmo.
Poemas representativos
“A Jesus Cristo Nosso Senhor”
Este soneto é um dos maiores representantes da poesia sacra/religiosa de Gregório de Matos. Segundo a crítica literária, este poema foi inspirado em outros poemas de autoria desconhecida já existentes em língua espanhola. Outra inspiração do poeta foi é a passagem do evangelho de São Lucas, onde Jesus Cristo conta a parábola da ovelha perdida e conclui dizendo que “há grande alegria nos céus quando um pecador se arrepende de seus pecados e dá meia volta”.
Nesse soneto, a temática da “culpa” versus “perdão” aparece posta em xeque, pois o poeta utiliza da linguagem para conseguir seu perdão e salvação. Enfrentando o poder divino, o eu-lírico pede para que Deus cobre os pecados cometidos por ele, pois quanto mais pecados ele comete, mais Deus se esforça para perdoa-los. Assim, da mesma forma como o poder divino precisa perdoar, o pecador precisa pecar para poder ser perdoado.
Estruturalmente, o soneto é composto por 14 versos decassílabos com rimas no esquema ABBA, ABBA, ABC, ABC.
“Aos Afetos, e lágrimas derramadas na ausência da dama a quem queria bem”
Conforme explica José Wisnik, o poema satírico de Gregório de Matos é marcado por essa “briga” entre uma sociedade “normal” – que é a do homem bem nascido” – e outra “absurda” – que é composta por pessoas oportunistas, mas que estão instaurados no poder. Porém, no caso de Gregório de Matos a “sociedade absurda” é real, pois é a Bahia onde ele vive; e a sociedade considerada “normal”, que é a dos homens bem nascidos e cultos, é absurda perante a realidade baiana. Assim, ambas são consideradas absurdas uma perante a outra. Esse impasse é o da realidade histórica desse momento, coexistindo em um mesmo locas duas Bahia: uma “normal”, que é vista com ar nostálgico, e outra “absurda” e amaldiçoada.
Se de um lado existe a obra satírica de Gregório de Matos, onde ele expõe e critica sem nenhum pudor a sociedade da época, de outro lado há também a poesia lírica produzida por ele. Seus poemas líricos são comumente divididos em: lírico-amorosos e burlescos/eróticos. Há ainda uma vasta produção de poemas com temática religiosa. Porém, há de se ressaltar que a ironia e crítica social existente nos poemas satíricos não são deixados de lado em sua produção lírica e religiosa.
Na poesia amorosa e erótica de Gregório de Matos, o tema básico continua sendo o choque de opostos: “espírito” e “matéria”, “ascetismo” e “sensualismo”. Essa visão dualista também aparece na figura da mulher desejada, sendo que esta representa uma espécie de “anjo-demônio”. É interessante notar que na obra de Gregório de Matos o “outro lado” em um par de opostos sempre irá conter um pedaço do seu par antagônico. Ou seja, se tomarmos por exemplo a figura da mulher, quando ela aparece como um ser angelical, ela também terá uma parte demoníaca, e vice-versa.
Dessa forma, a poesia lírico-amorosa de Gregório de Matos é construída em torno de contradições e pares de opostos, utilizando figuras de linguagens como o oximoro, que reforça essas contradições. Porém, deve-se ter em mente que estas contradições não se anulam e a mensagem final que o poeta passa é de que “diferença é identidade”. Já a poesia erótica de Gregório de Matos, na qual o poeta utiliza uma linguagem mais direta e explícita do que na lírico-amorosa, o amor carnal aparece como forma de libertação do corpo e, por consequência, do indivíduo também.
Por fim, tem-se a poesia religiosa de Gregório de Matos, que também é trabalhada constantemente através de pares de opostos. O ambiente fortemente cristão do período barroco, faz-se presente aqui, onde os pares antagônicos da vez é a “culpa” versus “perdão”. Gregório de Matos faz uso da poesia para se libertar e ela é a única forma possível de salvação para o poeta. Esta salvação não se dá somente entre o poeta e Deus, mas também perante a sociedade e si mesmo.
Poemas representativos
“A Jesus Cristo Nosso Senhor”
Este soneto é um dos maiores representantes da poesia sacra/religiosa de Gregório de Matos. Segundo a crítica literária, este poema foi inspirado em outros poemas de autoria desconhecida já existentes em língua espanhola. Outra inspiração do poeta foi é a passagem do evangelho de São Lucas, onde Jesus Cristo conta a parábola da ovelha perdida e conclui dizendo que “há grande alegria nos céus quando um pecador se arrepende de seus pecados e dá meia volta”.
Nesse soneto, a temática da “culpa” versus “perdão” aparece posta em xeque, pois o poeta utiliza da linguagem para conseguir seu perdão e salvação. Enfrentando o poder divino, o eu-lírico pede para que Deus cobre os pecados cometidos por ele, pois quanto mais pecados ele comete, mais Deus se esforça para perdoa-los. Assim, da mesma forma como o poder divino precisa perdoar, o pecador precisa pecar para poder ser perdoado.
Estruturalmente, o soneto é composto por 14 versos decassílabos com rimas no esquema ABBA, ABBA, ABC, ABC.
“Aos Afetos, e lágrimas derramadas na ausência da dama a quem queria bem”
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