URGENTEEE
Indique uma contribuição dos sofistas para a cultura grega.
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Resposta:
Para melhor compreensão da contribuição dos sofistas para a democratização do poder na Grécia Clássica, faz-se necessário, de inicio, tecer alguns comentários sobre o contexto histórico em que estavam inseridos os principais sofistas desse período. Para que esse intento seja alcançado será imperativo analisar alguns aspectos relacionados à pólis grega, ao cidadão grego, a religião, as leis e à democracia de então.
De início é importante enfatizar que é muito difícil estabelecer com precisão uma data para o surgimento da pólis. O próprio Platão já naquela época não se sentia seguro em tal empreitada como pode ser percebido no seguinte trecho de ‘As Leis’:
O ateniense: Diz-me o seguinte: achas que serias capaz de indicar a longa duração de tempo transcorrido desde que as cidades passaram a existir e os seres humanos vivem como cidadãos?
Clínias: Seguramente não seria uma fácil empresa.
O ateniense: De qualquer modo podemos perceber com facilidade que se trata de uma duração imensa e incomensurável?
Clínias: Isso posso perceber com toda certeza. (PLATÃO, 1999. p. 153, com adaptações).
Em ‘As Primeiras Civilizações’, Lévêque (2009) esclarece, entretanto, que muito provavelmente as poleis gregas nasceram por volta do ano de 800 a.C.. Esse autor embasa sua afirmação em um documento do século VIII a.C.: a Constituição de Esparta – também chamada de ‘Grande Retra’. Essa opinião de Lévêque tem prevalecido nos círculos acadêmicos, se não como totalmente verdadeira, ao menos como uma data aproximada do surgimento da pólis.
Ainda com relação à origem da pólis grega são bastante esclarecedores os juízos emitidos por Aristóteles (2012) em ‘Política’. Nesta obra o estagirita assegura que a civilização grega passou por dois estágios antes de chegar à polis: família e aldeia. Para Aristóteles uma cidade é uma daquelas coisas que existem por natureza e o homem é, também por natureza, um ser político. Isso vem corroborar a sua máxima de que um homem apolítico (que não vive em uma polis) ou é Deus ou é fera.
Fustel de Coulanges (2001) corrobora essa afirmação de Aristóteles e acrescenta mais um estágio entre a família e a aldeia (chamada por ele de tribo): a fratria. Para este autor a família, a fratria, a tribo e a pólis são sociedades perfeitamente equivalentes nascidas umas das outras e que se mantêm perfeitamente interdependentes. Apesar dessa interdependência todas elas conservam sua individualidade e suas próprias características.
Prosseguindo na contextualização histórica da pólis grega (cidade-estado) pode-se dizer que esse espaço (o espaço da pólis) era constituído pela cidade (casas, templos, edifícios públicos, ruas) e por seus arredores (campos, plantações, rios, mares). Era uma unidade política autônoma e estava subordinada apenas às leis elaboradas, na maioria das vezes, democraticamente pelos seus cidadãos.
Interessante notar que os gregos ainda não tinham a noção do Estado como uma Pessoa Jurídica de Direito Público, como se concebe hoje. A pólis na Grécia Clássica se confundia com o conjunto de seus cidadãos. Nesse sentido esclarece com bastante propriedade José Ribeiro Ferreira: “A pólis era o concreto dos cidadãos, todos [...] Para o grego, os cidadãos é que interessavam; eram eles que constituíam o cerne da pólis e não o aglomerado urbano [...] não são as muralhas que constituem a pólis, mas os homens” (FERREIRA, 2004, p. 14).
Como se pode perceber claramente: os cidadãos eram a pólis. O território era apenas o local onde estavam localizadas as edificações, as plantações e outras coisas de somenos importância. Daí ser naturalmente admitida entre os gregos a transferência da pólis (conjunto dos cidadãos) para outro local1.
Outra característica importante da pólis grega era sua íntima relação com a religião. Um Estado laico seria impensável para os gregos. A religião da pólis era tão importante para as cidades-estado gregas que o cidadão que desrespeitasse a religião oficial poderia ser condenado à morte por infidelidade aos deuses. Além do culto oficial (público) da pólis havia o culto doméstico (privado), ou seja, cada família tinha os seus próprios deuses (antepassados) a quem devia obediência e veneração.