URGENTE
Marabá
Eu vivo sozinha, ninguém me procura!
Acaso feitura
Não sou de Tupá!
Se algum dentre os homens de mim não se esconde:
— "Tu és", me responde,
"Tu és Marabá!"
— Meus olhos são garços, são cor das safiras,
— Têm luz das estrelas, têm meigo brilhar;
— Imitam as nuvens de um céu anilado,
— As cores imitam das vagas do mar!
Se algum dos guerreiros não foge a meus passos:
"Teus olhos são garços",
Responde anojado, "mas és Marabá:
"Quero antes uns olhos bem pretos, luzentes,
"Uns olhos fulgentes,
"Bem pretos, retintos, não cor d'anajá!"
— É alvo meu rosto da alvura dos lírios,
— Da cor das areias batidas do mar;
— As aves mais brancas, as conchas mais puras
— Não têm mais alvura, não têm mais brilhar.
Se ainda me escuta meus agros delírios:
— "És alva de lírios",
Sorrindo responde, "mas és Marabá:
"Quero antes um rosto de jambo corado,
"Um rosto crestado
"Do sol do deserto, não flor de cajá."
[...]
— Meus loiros cabelos em ondas se anelam,
— O oiro mais puro não tem seu fulgor;
— As brisas nos bosques de os ver se enamoram
— De os ver tão formosos como um beija-flor!
Mas eles respondem: "Teus longos cabelos,
"São loiros, são belos,
"Mas são anelados; tu és Marabá:
"Quero antes cabelos, bem lisos, corridos,
"Cabelos compridos,
"Não cor d'oiro fino, nem cor d'anajá,"
E as doces palavras que eu tinha cá dentro
A quem nas direi?
O ramo d'acácia na fronte de um homem
Jamais cingirei:
Jamais um guerreiro da minha arazóia
Me desprenderá:
Eu vivo sozinha, chorando mesquinha,
Que sou Marabá!
1. Quais são as características físicas de Marabá?
a) A que ideal de beleza essas características correspondem?
2. Desprezada por seu povo, Marabá reproduz as falas dos homens da tribo que fogem do contato com ela. Explique, com base nessas falas, por que a índia é desprezada.
a) Que elementos, presentes nessas falas, comprovam desprezo?
3. Esse poema, embora relacionado ao indianismo, apresenta tom mais lírico e confessional. Que sentimento domina o eu lírico? Justifique com elementos do poema.
a) Na linguagem utilizada e no conteúdo, quais os elementos do poema que mostram que ele pertence à primeira geração da poesia romântica?
4. Para apresentar as características de Marabá, são usadas comparações e metáforas. A que elementos ela é comparada?
A) Desprezada por seu povo, Marabá reproduz as falas dos homens da tribo que fogem do contacto com ela. Explique, com base nessas falas, por que a índia é desprezada.
5. O poema mostra um conflito entre duas formas de beleza feminina. Quais são elas e de que maneira cada uma é apresentada?
A). Percebe-se, no poema, a valorização de um certo padrão de beleza em função do contexto cultural em que é ambientado. Explique.
Soluções para a tarefa
Grande como qualquer análise de poema de Gonçalves Dias, se quiser resume as coisas, deixando os pontos principais apenas:
1 - ,Marabá tem traços delicados. Os olhos cor de safira, os cabelos louros
e cacheados e a pele bem clara, alva como a areia da praia.
2 A índia é desprezada por ser diferente dos outros. Ela não tem os traços dos índios. Os olhos não são negros, retintos e fulgentes; os cabelos não são lisos, corridos e compridos; a cor de jambo falta a Marabá para os índios. Por isso é desprezada. Por ser diferente de sua cultura. Fragmentos que fazem percebermos este descontentamento dos índios com Marabá são quando eles “respondem anojado ‘mas és Marabá, quero antes isso não aquilo que és’, sempre usando a adversidade ‘mas’”.
3 – O sentimento de descontentamento por Marabá. Ela que queria ser
vista pelos índios como uma pretendente, não como algo feio. Queria que vissem
a sua beleza nas diferenças de seus belos traços. A Índia tem olhos azuis, como
não iriam achar belos como o céu que olham todos os dias? Ela não compreende. É o sentimentalismo dela se perguntando a quem
dirá palavras bonitas, quem olhará ela, quem procurará por ela. Vive e chora
mesquinha a pobre Marabá. Traços sentimentais que se evidenciam nos seguintes
trechos:
(fica a seu cargo se vai querer colocar o trecho, não tem necessidade, só
enriquece a resposta)
“E as doces palavras que eu tinha cá
dentro
A quem nas direi?
O ramo d'acácia na fronte de um homem
Jamais cingirei:
Jamais um guerreiro da minha arazóia
Me desprenderá:
Eu vivo sozinha, chorando mesquinha,
Que sou Marabá!
Eu vivo sozinha, ninguém me procura!
Acaso feitura
Não sou de Tupá!
Se algum dentre os homens de mim não se esconde:
— "Tu és", me responde,
"Tu és Marabá!"
A primeira geração romancista em que se insere o autor de Marabá, Gonçalves
Dias, é remetida nas características deste texto pelos:
- Sentimentalismo, o amor sendo marcado pela melancolia, a desilusão e o
desespero
- As características de Marabá, índia mestiça
- Uso de metáforas no poema exaltando a natureza.
- A “conversa” sobre a índia Marabá na voz dela e do guerreiro que desprestigia.
4 – Ela é comparada à símbolos naturais, característica do romantismo de
Gonçalves Dias. Os olhos de safira, os quais possuem o brilho das estrelas; os
cabelos são ondas e espuma do mar agitado que os bosques se curvam à tal
beleza; a cor da pele alva como os lírios. São exemplos da caracterização
metafórica de Marabá.
5 - O ideal de beleza de Marabá é único entre os índios, ela é diferente da
cor de jambo, e isso não agrada aos homens da tribo, pois ela é mestiça. Aqui
há uma dualidade do que seria o belo. Para o índio, o belo é a cor escura os
cabelos lisos, os traços nativos, mas Marabá é mestiça, tem a cor branca, os
cabelos ondulados e olhos azulados. Gonçalves Dias tenta mostrar que a beleza é
subjetiva neste indianismo. Quem ler o poema verá beleza em Marabá que o
guerreiro de sua tribo, não consegue enxergar.
Resposta:
A Índia é desprezada por ser diferente dos outros.Ela não tem os traços dos índios. Os olhos não são negros retintos,e fulgentes os cabelos não são lisos corridos e compridos, a cor de jambo falta a Marabá para os índios. Por isso é desprezada, por ser diferente de sua cultura.
Explicação:
Grande como qualquer análise de poema de Gonçalves Dias, se quiser resume as coisas, deixando os pontos principais apenas:
1 - ,Marabá tem traços delicados. Os olhos cor de safira, os cabelos louros e cacheados e a pele bem clara, alva como a areia da praia.
2 A índia é desprezada por ser diferente dos outros. Ela não tem os traços dos índios. Os olhos não são negros, retintos e fulgentes; os cabelos não são lisos, corridos e compridos; a cor de jambo falta a Marabá para os índios. Por isso é desprezada. Por ser diferente de sua cultura. Fragmentos que fazem percebermos este descontentamento dos índios com Marabá são quando eles “respondem anojado ‘mas és Marabá, quero antes isso não aquilo que és’, sempre usando a adversidade ‘mas’”.
3 – O sentimento de descontentamento por Marabá. Ela que queria ser vista pelos índios como uma pretendente, não como algo feio. Queria que vissem a sua beleza nas diferenças de seus belos traços. A Índia tem olhos azuis, como não iriam achar belos como o céu que olham todos os dias? Ela não compreende. É o sentimentalismo dela se perguntando a quem dirá palavras bonitas, quem olhará ela, quem procurará por ela. Vive e chora mesquinha a pobre Marabá. Traços sentimentais que se evidenciam nos seguintes trechos:
(fica a seu cargo se vai querer colocar o trecho, não tem necessidade, só enriquece a resposta)
“E as doces palavras que eu tinha cá dentro
A quem nas direi?
O ramo d'acácia na fronte de um homem
Jamais cingirei:
Jamais um guerreiro da minha arazóia
Me desprenderá:
Eu vivo sozinha, chorando mesquinha,
Que sou Marabá!
Eu vivo sozinha, ninguém me procura!
Acaso feitura
Não sou de Tupá!
Se algum dentre os homens de mim não se esconde:
— "Tu és", me responde,
"Tu és Marabá!"
A primeira geração romancista em que se insere o autor de Marabá, Gonçalves Dias, é remetida nas características deste texto pelos:
- Sentimentalismo, o amor sendo marcado pela melancolia, a desilusão e o desespero
- As características de Marabá, índia mestiça
- Uso de metáforas no poema exaltando a natureza.
- A “conversa” sobre a índia Marabá na voz dela e do guerreiro que desprestigia.
4 – Ela é comparada à símbolos naturais, característica do romantismo de Gonçalves Dias. Os olhos de safira, os quais possuem o brilho das estrelas; os cabelos são ondas e espuma do mar agitado que os bosques se curvam à tal beleza; a cor da pele alva como os lírios. São exemplos da caracterização metafórica de Marabá.
5 - O ideal de beleza de Marabá é único entre os índios, ela é diferente da cor de jambo, e isso não agrada aos homens da tribo, pois ela é mestiça. Aqui há uma dualidade do que seria o belo. Para o índio, o belo é a cor escura os cabelos lisos, os traços nativos, mas Marabá é mestiça, tem a cor branca, os cabelos ondulados e olhos azulados. Gonçalves Dias tenta mostrar que a beleza é subjetiva neste indianismo. Quem ler o poema verá beleza em Marabá que o guerreiro de sua tribo, não consegue enxergar.
Espero ter ajudado