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Comente o protagonismo da população negra no processo de Abolição
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No domingo de 13 de maio de 1888, a Princesa Isabel sancionou uma das leis mais emblemáticas da história do Brasil. A assinatura da Lei Áurea, há exatos 130 anos, foi um marco que aboliu formalmente a escravatura no Brasil, mas que não determinou uma fronteira clara entre a escravidão e a liberdade dos negros no país.
Apesar da Lei Áurea ter sido aprovada na Câmara e no Senado e sancionada pela princesa regente em apenas cinco dias, conforme registra o Jornal do Senado na edição de 14 de maio de 1888, especialistas destacam que o processo de abolição no Brasil ocorreu graças ao protagonismo dos negros durante anos, de forma homeopática, e não por um ato único e definitivo da princesa regente.
Sob a influência do crescente movimento abolicionista internacional, o Brasil foi o último país a abolir o sistema escravocrata. Nas décadas finais do século 19, leis como a Eusébio de Queiroz, a do Ventre Livre e a do Sexagenário aos poucos abriram caminho para a formalização do fim da escravidão.
Longe, contudo, dos gabinetes do Império brasileiro, o clima de insustentabilidade do sistema escravocrata, que perdurou por mais de 300 anos, já era sentido desde o século 16. Diversas rebeliões de escravos nos quilombos ou na área urbana, como a revolta dos Malês, deflagrada em 1835, em Salvador (BA), entre outros atos de resistência liderados por escravos ou negros libertos, exigiam o fim da escravidão.
A semente para a abolição também foi plantada por meio da mobilização de famílias e irmandades negras, além do trabalho intenso de advogados, escritores e jornalistas negros que utilizaram a imprensa e outros meios de expressão para defender a liberdade e a garantia dos direitos dos escravizados e mais tarde dos recém-libertos pela Lei Áurea.