(UNIT AL/2016) Quando as motosserras ferem a madeira, muitos ecologistas gritam contra o fim da mata virgem. Mas a ‘mata virgem’ (floresta
‘primitiva’) não existe, e as evidências disso vêm de diversos estudos sobre atividades de antigas populações humanas antes do surgimento da agricultura, publicados justamente no momento em que gourmands do mundo inteiro dirigem olhos cobiçosos para produtos da floresta. Um deles, o chef espanhol Ferran Adrià, apontado como um dos melhores do mundo, já disse acreditar que o futuro da gastronomia está na China e na floresta amazônica. Os dados já existiam apurados por arqueólogos e antropólogos brasileiros, mas só mais recentemente o conceito de floresta ‘primitiva’ foi substituído por floresta ‘cultural ou manejada’, resultante do manejo humano milenar. Em outubro de 2009, foi lançado um número especial da revista científica Current Anthropology, intitulado ‘Repensando as origens da agricultura’, que descreve o mundo pré-agrícola, anterior à domesticação e ao cultivo de plantas em larga escala, hábitos que — por volta de 10 mil anos antes do presente — impulsionaram a civilização. Essa nova perspectiva é uma revolução intelectual, pois agora se admite que, antes da agricultura, existia algo que não era apenas caça, coleta e pesca correspondentes à imagem idílica do paraíso em que era preciso apenas ‘colher’ o que a natureza oferecia.
A ideia de mata virgem retrata uma condição de comunidade, na qual
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não ocorreu sucessão secundária e se mantém com as mesmas características, ao longo do tempo.
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