(Unicamp-SP) Leia o soneto abaixo, de Luís de Camões.
Enquanto quis Fortuna que tivesse
esperança de algum contentamento,
o gosto de um suave pensamento
me fez que seus efeitos escrevesse.
Porém, temendo Amor que aviso desse
minha escritura a algum juízo isento,
escureceu-me o engenho com tormento,
para que seus enganos não dissesse.
Ó vós, que Amor obriga a ser sujeitos
a diversas vontades! Quando lerdes
num breve livro casos tão diversos,
verdades puras são, e não defeitos...
E sabei que, segundo o amor tiverdes,
Tereis o entendimento de meus versos!
Nos dois quartetos do soneto acima, duas divindades são
contrapostas por exercerem um poder sobre o eu lírico.
Identifique as duas divindades e explique o poder que
elas exercem sobre a experiência amorosa do eu lírico.
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Resposta:
a) As divindades são Fortuna e Amor. Tais entes modulam a apreensão amorosa no poema.
Por um lado, enquanto Fortuna permitiu, o eu lírico pôde ter “esperança de algum contenta-
mento”. Por outro lado, Amor “escureceu-me o engenho com tormento”. Dessa forma, essas
alusões mitológicas geram o conflito entre forças opostas no qual o eu lírico está imerso.
b) A ideia contida nos dois últimos versos é a de experiência comum entre eu lírico e o leitor,
já que, depois de o leitor experienciar o amor, ele poderia compreender melhor os conflitos
amorosos do eu lírico.
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