História, perguntado por cinthyasarah, 1 ano atrás

(Unesp)"Com a grande propriedade monocultural, instalou-se no Brasil [Colonial] o trabalho escravo... [estes] elementos são correlatos e derivam das mesmas causas"
 (Caio Prado - HISTÓRIA ECONÔMICA DO BRASIL)

Apoiando-se na empresa colonial açucareira do litoral nordestino, faça uma análise dos principais fatores que contribuíram para a forte correlação entre os três elementos básicos indicados no texto acima.

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Respondido por falarodrigo
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Prezada Cinthya, 

A colonização ou invasão das terras que hoje formam o Brasil por Portugal requeriam um alto investimento. Seria o comparável, aproximadamente, a irmos, na atualidade, conquistar Marte (o planeta vermelho) .

O pau-brasil, entre outros produtos comerciais interessantes, não requeriam a presença continuada no território, haja vista que sua obtenção era mais fácil através do escambo (troca de bugigangas com os índios). 

Além disso, não havia uma população tão grande em Portugal como a que existia na Espanha, de modo que era mais interessante, do ponto de vista do lucro financeiro, investir em navios para ir às Índias, ou cultivar a cana-de-açúcar nas ilhas de Madeira,  haja vista estarem mais próximas do continente europeu.

Desse modo, apenas quando o comércio com as Índias e outros países orientais deixou de ser tão rentável e Portugal desenvolveu a tecnologia para o cultivo da cana-de-açúcar nas ilhas de Madeira e Açores, bem como outras nações europeias (especialmente a França) ameaçavam tomar o território que hoje seria o Brasil, Portugal promoveu o sistema de capitanias hereditárias como uma tentativa de colonizar o gigantesco território que possuía. 


Assim, o projeto colonizador português partia de experiências já realizadas em algumas ilhas, através das capitanias hereditárias, de modo que transferia os principais gastos do empreendimento colonizador para particulares. Muitos, inclusive diziam algo semelhante a "tenho de conquistar por polegada as terras que o rei me dá em quilômetros", devido ao combate constante com os índios e os franceses.

Os índios passaram a ser escravizados para trabalhar nas lavouras de cana-de-açúcar. Entretanto, na divisão de trabalho indígena, os homens caçavam e guerreavam, cabendo às mulheres o cultivo de alimentos e coletas de frutas. Sem liberdade, tendo que realizar um trabalho feminino que para eles não fazia muito sentido, muitos preferiam morrer de fome, suicidando-se, bem como se recusando a trabalhar. Dessas características de não conseguirem obrigar os índios ao trabalho pesado na lavoura por muito tempo, criou-se o mito de que os indígenas seriam "preguiçosos". Além disso, em razão de conhecerem bem a terra, falarem o idioma da região, bem como as tribos aliadas dos portugueses  e os jesuítas começarem a rejeitar esse tipo de tratamento, tornou-se mais interessante a importação de escravos africanos.

A partir de então, a escravidão já havia entre os próprios africanos e pelos árabes, além da mão de obra africana ser utilizada com sucesso nas lavouras de cana das ilhas da Madeira e Cabo Verde. Além disso, em razão de desconhecerem a natureza, o idioma, bem como estarem mais adaptados ao trabalho agrícola, os africanos fugiam menos. No discurso religioso dos jesuítas e outras correntes, a escravidão do negro era aceita.


Portanto, a cultura da cana de açúcar no nordeste, tendo por base a monocultura voltada à exportação em extensas áreas e o uso da mão de obra escrava possibilitavam enormes lucros, tornando viável a colonização do território que viria a ser o Brasil no futuro. Essa atividade econômica era tão importante que houve determinações acerca da criação de gado só ocorrer bastante distante da região litorânea, evitando prejudicar as plantações, bem como ajudando a interiorizar a colonização.
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