Uma resenha crítica sobre o Romantismo e o Realismo no Brasil. Mínimo de 15 linhas.
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Explicação:
O Realismo foi um movimento artístico do final do século XIX que se contrapôs ao estilo anterior, o Romantismo. No Brasil, tal estilo teve como marco inicial a publicação do romance Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis.
Uma corrente literária que dialoga com o Realismo é o Naturalismo, que retrata, em geral, a vida da população mais pobre. Em Portugal, Antero de Quental e Eça de Queiroz foram os principais escritores realistas. Na França, destacou-se Gustave Flaubert, que é considerado o pai do Realismo europeu.
Características
O Realismo na literatura brasileira tem algumas características fundamentais, entre as quais:
Objetividade: Ao contrário dos românticos, que exaltavam a subjetividade como enfoque ideal para a literatura, os realistas buscavam a maior objetividade possível, ou seja, enquanto os escritores do romantismo representavam o mundo a partir de pontos de vista ultrassentimentais ou muito pessoais, os autores realistas procuravam retratar a realidade tal qual ela era, com a menor influência pessoal possível.
Crítica social: Uma das marcas do Realismo é a representação das hipocrisias sociais de modo escancarado. Aqui também o movimento difere-se do Romantismo, que procurou exaltar o estilo de vida burguês. O Realismo, em oposição, critica as contradições e moralismos da elite burguesa.
Ironia como marca retórica: Especialmente na obra de Machado de Assis, é possível perceber um claro traço de ironia nas descrições e narrativas. Em geral, essa figura de retórica expõe críticas diversas ao grupo social representado na narrativa.
Enfoque em descrições psicológicas: O Realismo brasileiro retratou não só a parte externa da sociedade brasileira do final do século XIX, mas também representou uma excepcional descrição dos valores e pensamento das personagens narradas. Observe, por exemplo, como são descritos os olhos da personagem Capitu, uma das grandes personagens da obra “Dom Casmurro”, de Machado de Assis:
Retórica dos namorados, dá-me uma comparação exata e poética para dizer o que foram aqueles olhos de Capitu. Não me acode imagem capaz de dizer, sem quebra da dignidade do estilo, o que eles foram e me fizeram. Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que me dá ideia daquela feição nova. Traziam não sei que fluido misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro, como a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca. Para não ser arrastado, agarrei-me às outras partes vizinhas, às orelhas, aos braços, aos cabelos espalhados pelos ombros; mas tão depressa buscava as pupilas, a onda que saía delas vinha crescendo, cava e escura, ameaçando envolver-me, puxar-me e tragar-me.
“Dom Casmurro”, Machado de Assis
Ao descrever os olhos de Capitu, o narrador vale-se da expressão “olhos de ressaca”, como sendo “uma força que arrastava para dentro, como a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca”. Dessa forma, confere-se à personagem uma esfera psicológica não só profunda, como o oceano, mas também extremamente atraente, como as ondas no mar em ressaca.