Português, perguntado por pedro23142, 11 meses atrás

Uma redação em 3° pessoa do singular, falando sobre "A impunidade gera violência"​

Soluções para a tarefa

Respondido por ashilleyfernandes8
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Resposta: Então, como se pode notar, os termos direita e esquerda,

embora etimologicamente tragam uma conotação espacial, em se

tratando de ideologias políticas, passaram a denotar perfis políticoideológicos distintos. De maneira geral, é possível afirmar que existem

três grandes modos de visualizar esta questão nos dias atuais. Uma

minoria de autores acredita que os termos têm o mesmo sentido que

tinham na Revolução Francesa. Por outro lado, há os defensores de que

não faz mais sentido a utilização dessa nomenclatura. Já um terceiro

grupo, a grande maioria, sugere a atualização do significado das

terminologias, ao acreditar que, atualmente, os termos direita e esquerda

representam algo diferente do que representavam na sua origem.

Representando o primeiro grupo, Sader (1995) afirma que a

esquerda representa o conjunto de forças que lutam, essencialmente, por

transformações que resultem na instauração de uma ordem diferente da

capitalista, ou transformações que resultem em uma reformulação

substancial desta. Mesmo que o teor e o grau das mudanças possam

variar de acordo com uma esquerda mais ou menos “radical”, o que está

presente em qualquer esquerda é o caráter contestatório assumido. A

direita, por outro lado, se refere às forças favoráveis à manutenção da

ordem social e política. A direita se preocupa, basicamente, em

conservar e não alterar o sistema que está dado.

Em contraposição, para Sader (1995), atualmente também está

em voga a tese do “fim” ou do “declínio” das ideologias políticas. Essa

tese ganhou forma por volta da metade dos anos 50, apoiada na

proposição de que passaria a haver uma relativa atenuação do  

extremismo com que se tinham manifestado os fins e os objetivos

ideológicos e também que tinha havido um desaceleramento da

intensidade emotiva com a qual aqueles fins e aqueles objetivos eram

perseguidos (BOBBIO; MATTEUCCI; PASQUINO, 2010). Nesse

momento, começa a criar forma a crença de que se chegou ao fim da

história, evidenciada na célebre obra de Fukuyama (1992) “O fim da

história e o último homem”. Verificada a derrota de todas as alternativas

políticas à democracia liberal, segundo ele, presenciou-se o estágio mais

avançado na progressão das sociedades humanas. O esforço principal

de Fukuyama é o de revigorar a tese de que o capitalismo e a

democracia burguesa constituem o coroamento da história da

humanidade, ou seja, de que a humanidade teria atingido, no final do

século XX, o ponto culminante de sua evolução, com o triunfo da

democracia liberal.3

De forma também pessimista, mas por um outro viés, Downs

(1999) acredita que os partidos movem-se ao longo do espectro

ideológico sem muitos problemas buscando sempre formular políticas

em acordo com a preferência do eleitor mediano. Nesse caso o

posicionamento em relação aos mais variados temas seria muito mais

estratégico do que ideológico.

Por outro lado, é possível supor que a ascensão capitalista e a

derrocada da antiga URSS e dos regimes socialistas não são suficientes

para se afirmar que os termos esquerda e direita estejam ultrapassados e

não tenham mais significação. Isso por que, para uma gama significativa

de autores, a dicotomia esquerda-direita vai além da bipolaridade

capitalismo-socialismo que orientou toda a ordem política mundial

durante anos. Desta maneira, não se poderia dizer que o fim dessa

bipolaridade represente o fim da dicotomia esquerda-direita, pois os

princípios típicos de esquerda, como a igualdade e a justiça social, não

acabam com o fim da bipolaridade. O fim dos regimes socialistas pode

representar a derrocada de uma via que possibilitava a realização desses

ideais, mas não que essa seja a única via. Sendo o capitalismo

predominante praticamente no mundo inteiro, somos obrigados a pensar

a dicotomia esquerda-direita de uma forma diferente, sem, entretanto,

chegarmos ao ponto de dizer, como muitos, que não há mais sentido ou

necessidade de tocar-se nesses termos (FREITAS, 2004).

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