Uma por outra Era por sessenta e tantos. Musa, lembra-me as causas desta paixão romântica, conta as suas fases e o seu desfecho. Não fales em verso, posto que nesse tempo escrevi muitos. Não; a prosa basta, desataviada, sem céus azuis nem garças brancas, a prosa do tabelião que sou neste município do Ceará. Era no Rio de Janeiro. Tinha eu vinte anos feitos e malfeitos, sem alegrias, longe dos meus, no pobre sótão de estudante, à Rua da Misericórdia. Certamente a vida do estudante de matemáticas era alegre, e as minhas ambições, depois do café [. ], não iam além de um e outro teatro, mas foi isto mesmo que me deitou "uma gota amarga na existência". É a frase textual que escrevi em uma espécie de diário daquele tempo, rasgado anos depois. Foi no teatro que vi uma criaturinha bela e rica, toda sedas e joias, com o braço pousado na borda do camarote, e o binóculo na mão. Eu, das galerias onde estava, dei com a pequena e gostei do gesto. No fim do primeiro ato, quando se levantou, gostei da figura. E daí em diante, até o fim do espetáculo, não tive olhos para mais ninguém, nem para mais nada; todo eu era ela. Se estivesse com outros colegas, como costumava, é provável que não gastasse mais de dois minutos com a pequena; mas naquela noite estava só, entre pessoas estranhas, e inspirado. Ao jantar, fizera de cabeça um soneto. Demais, antes de subir à galeria quedara-me à porta do teatro a ver entrar famílias. A procissão de mulheres, a atmosfera de cheiros, a constelação de pedrarias entonteceram-me. Finalmente, acabava de ler um dos romances aristocráticos de Feuillet [. ]. Foi nesse estado de alma que descobri aquela moça do quinto camarote, primeira ordem, à esquerda, Teatro Lírico. [. ] O contexto social a que esse texto faz referência é a abertura de exposições de arte no Rio de Janeiro. A apresentação de saraus de poesia no Ceará. A ascensão cultural do teatro no Rio de Janeiro. A expansão das universidades no Rio de Janeiro. A instauração de tabelionato de notas no Ceará
Soluções para a tarefa
O texto menciona a ascensão cultural do teatro carioca. Ao analisar o texto, percebemos que a história se passa em um teatro do Rio de Janeiro, onde o eu lírico encontra a mulher mencionada no poema.
Resposta: Letra C, a ascensão cultural do teatro no Rio de Janeiro.
Eu lírico
O eu lírico é a fala do trovador em seus versos. Na poesia lírica, as emoções e impressões do poeta são colocados explicitamente. Entretanto, este tipo de poema não é um desabafo, pois não impreterivelmente aqueles emoções são do autor, apenas foram explícitos por ele.
Desta forma, o eu lírico e o autor se distinguem, pois o autor poderá ter diversas vozes (eu lírico) diferenciadas, com personalidades e sentimentos distintos. Como grande exemplar de sujeitos líricos, temos o poeta português Fernando Pessoa, com seus heterônimos.
Para mais informações sobre os heterônimos de Fernando Pessoa, acesse:
brainly.com.br/tarefa/38648134
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