“Uma indignação, uma raiva cheia de desprezo crescia dentro do peito de
Vicente Lemes à proporção que ia lendo os autos.Um homem rico como Clemente
Chapadense e sua viúva apresentando o inventário tão-somente a casinha do
povoado! Veja se tinha cabimento! E as duzentas e tantas cabeças de gado, gente?
E os dois sítios no município onde ficaram? Ora bolas! Todo mundo sabia da
existência desses trens que estavam sendo ocultados.
Ainda se fossem bens de pequeno valor, vá lá, que inventário nunca arrola
tudo. Tem muita coisa que fica de fora. Mas naquele caso, não. Eram dois sítios,
duzentas e tantas reses, cuja existência andava no conhecimento dos habitantes da
região. A vila inteira, embora ninguém dissesse, estava de olhos abertos assuntando
se tais bens estariam ou não estariam no inventário.
Lugar pequeno, ah, lugar pequeno em que cada um vive vigiando o outro!
Pela segunda vez Vicente Lemes lavrou o seu despacho, exigindo que o
inventariante completasse o rol dos bens, sob pena da Coletoria Estadual o fazer.
Aí, como quem tira um peso da consciência, levantou-se do tamborete e chegou à
janela que dava para o Largo, lançando uma olhadela para a casa onde funcionava
o Cartório. Calma, a vila era constituída pelo conjunto de casas do Largo”.
(Bernardo Elis).
a. Do trecho acima, transcreva:
Dois termos que exemplifiquem o falar coloquial.
Duas expressões típicas da linguagem de cartório.
b. No texto, a expressão “Veja se tinha cabimento!” possui sentido positivo ou
negativo? Por quê?
c. Transcreva do texto uma passagem que contenha ideia de oposição.
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Letra b no texto a expressão veja tinha cabimento
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