Português, perguntado por nicolygaby052008, 5 meses atrás

"Uma ideia toda azul”, de Marina Colasanti.

Um dia o Rei teve uma ideia. Era a primeira da vida toda, e tão maravilhado ficou com aquela ideia azul, que não quis saber de contar aos ministros. Desceu com ela para o jardim, correu com ela nos gramados, brincou com ela de esconder entre outros pensamentos, encontrando-a sempre com igual alegria, linda ideia dele toda azul. Brincaram até o Rei adormecer encostado numa árvore.

Foi acordar tateando a coroa e procurando a ideia, para perceber o perigo. Sozinha no seu sono, solta e tão bonita, a ideia poderia ter chamado a atenção de alguém.

Bastaria esse alguém pegá-la e levar. É tão fácil roubar uma ideia: Quem jamais saberia que já tinha dono?

Com a ideia escondida debaixo do manto, o Rei voltou para o castelo. Esperou a noite. Quando todos os olhos se fecharam, saiu dos seus aposentos, atravessou salões, desceu escadas, subiu degraus, até chegar ao Corredor das Salas do Tempo.

Portas fechadas, e o silêncio.

Que sala escolher?

Diante de cada porta o Rei parava, pensava, e seguia adiante. Até chegar à Sala do Sono.

Abriu. Na sala acolchoada os pés do Rei afundavam até o tornozelo, o olhar se embaraçava em gazes, cortinas e véus pendurados como teias. Sala de quase escuro, sempre igual. O Rei deitou a ideia adormecida na cama de marfim, baixou o cortinado, saiu e trancou a porta.

A chave prendeu no pescoço em grossa corrente. E nunca mais mexeu nela.

O tempo correu seus anos. Ideias o Rei não teve mais, nem sentiu falta, tão ocupado estava em governar. Envelhecia sem perceber, diante dos educados espelhos reais que mentiam a verdade. Apenas, sentia-se mais triste e mais só, sem que nunca mais tivesse tido vontade de brincar nos jardins.

Só os ministros viam a velhice do Rei. Quando a cabeça ficou toda branca, disseram-lhe que já podia descansar, e o libertaram do manto.

Posta a coroa sobre a almofada, o Rei logo levou a mão à corrente.

Ninguém mais se ocupa de mim — dizia atravessando salões e descendo escadas a caminho das Salas do Tempo — ninguém mais me olha. Agora posso buscar minha linda ideia e guardá-la só para mim.

Abriu a porta, levantou o cortinado.

Na cama de marfim, a ideia dormia azul como naquele dia.

Como naquele dia, jovem, tão jovem, uma ideia menina. E linda. Mas o Rei não era mais o Rei daquele dia. Entre ele e a ideia estava todo o tempo passado lá fora, o tempo todo parado na Sala do Sono. Seus olhos não viam na ideia a mesma graça. Brincar não queria, nem rir. Que fazer com ela? Nunca mais saberiam estar juntos como naquele dia.

Sentado na beira da cama o Rei chorou suas duas últimas lágrimas, as que tinha guardado para a maior tristeza.

Depois baixou o cortinado, e deixando a ideia adormecida, fechou para sempre a porta.

A chave prendeu no pescoço em grossa corrente. E nunca mais mexeu nela.

COLASANTI, Marina. Uma ideia toda azul. 19.ed. São Paulo: Global Editora, 1998.

1) Encontre 4 passagens (frases ou palavras) do texto que indiquem tempo na história e escreva abaixo:



2) Existem 3 tipos de narrador, o narrador-personagem, o narrador-observador e o narrador-onisciente. Qual é o tipo de narrador utilizado no conto acima?



4) O clímax é o momento de maior tensão, quando o leitor tem expectativa para saber o que vai acontecer e, após o clímax, ficamos sabendo do desfecho da história. Com base nisso, qual é o clímax desse conto? 



5) Agora, releia o conto e utilize seus conhecimentos sobre notícia e reportagem para criar uma manchete sobre a história do conto. Coloque o título da notícia ou reportagem e um subtítulo, utilizando elementos do conto. Você pode acrescentar novas informações se quiser. 



PRECISO URGENTEMENTE, POIS ESSA É A RECUPERAÇÃO E EU NAO FIZ A OUTRA E FIQUEI SEM NOTA​

Soluções para a tarefa

Respondido por raissaoliveira0321
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Resposta:

amiga não se serio tentei tá

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