História, perguntado por julialivila, 10 meses atrás

um texto sobre a gripe espanhola no Brasil

Soluções para a tarefa

Respondido por nathammoura
9

Resposta:

No Brasil, pouco se falou sobre a gripe até setembro de 1918, quando surgiram rumores de que os tripulantes de dois navios brasileiros, auxiliares dos aliados na Primeira Guerra Mundial, haviam sido infectados na Europa e na África.  Não se sabe com precisão quais foram os primeiros infectados em terras brasileiras, mas associa-se a disseminação da doença ao navio inglês Demerara que, com doentes a bordo, aportara em algumas cidades do Nordeste naquele mês de setembro. A partir daí, a gripe se espalhou rapidamente, vitimando milhares de brasileiros no intervalo de poucos meses.

Diz-se que a gripe espanhola escancarou a precária situação da saúde no Brasil e a total falta de capacidade do governo de lidar com a nova doença. Em outubro, o então diretor da Saúde Pública, Carlos Seidl (1867-1929) admitiu a impossibilidade de controlar a gripe. Foi demitido no mesmo mês e substituído por Theóphilo Almeida Torres (1863-1928), que nomeou o médico Carlos Chagas (1879-1934) para encabeçar a árdua tarefa de combater a influenza.  Certo que não era culpa tão-somente da administração brasileira: embora já se partilhasse a ideia de que a gripe era causada por um microrganismo específico, a comunidade científica não conseguia identificá-lo e, portanto, não se pôde fabricar nenhuma vacina à tempo.

De fato, o vírus responsável pela gripe espanhola só foi conhecido na década de 1930, e mesmo então a tarefa de produzir medicamentos exitosos contra este vírus permaneceu difícil, dada sua alta capacidade de mutação. A primeira vacina contra a gripe espanhola foi fabricada somente em 1944.  À época, Chagas fez o que pôde: estabeleceu regimes de quarentena e isolamento para os navios que aportavam no país, dotou a cidade de maior número de leitos, estabeleceu a notificação compulsória de casos da doença. Ainda em outubro, O Estado de S. Paulo publicou um comunicado do Serviço Sanitário, sob o título de “Conselhos ao Povo”.

Diante da ausência de medidas mais concretas de combate e tratamento à gripe e da explosão de casos fatais, o pânico era enorme. No Brasil, ainda não existiam hospitais públicos – foi por causa deste surto que o governo começou a montar uma rede de saúde pública – e, no desespero, muitos doentes recorriam às delegacias de polícia para pedir ajuda. A proliferação de remédios caseiros e de médicos se autopromovendo com promessas milagrosas foi intensa. Há, inclusive, relatos de uma mistura de limão com mel que, dizia-se, era bom remédio contra a gripe espanhola: trata-se da provável origem da nossa caipirinha.

Perguntas interessantes