um soneto sobre o corona vírus "covid 19"
Soluções para a tarefa
“Somos todos” velas
Consumo-me.
Consumo-me no que, dizem-me aflito
O amigo, a família e o corpo
Morto, que não te veja morto!
Mas consumo-me no que acredito
Como vela que arde num devir infinito
Consumo-me no que acredito
Somos como velas
E é vê-las
Que quanto mais brilham e ardem
Quando mais fazer e mostram
Mas incomodam e acedem
Mais iluminam e revelam
Mais põem a nu
O que outros não fazem, não querem
Não gostam, escondem, mentem e enganam
Como velas de pavio forte
Queimamos ao luar
Das madrugadas passadas
A Trabalhar
A escrever, a digitar
A Criar o digital na saúde em Portugal
9 anos acessos, pela força e paixão
Como velas que ardem dentro do coração.
Mas consumo-me no que acredito
Como vela que arde num devir infinito
Sinto hoje a dor do desprezo e da ignorância
A falta de coragem, que nem falta a uma criança
Que sobe ao quarto na noite escura que a vela acesa
Tem por segura
Guerra que levará por diante, iluminando a mente
Até do mais distante…
No mundo vêm se as velas acesas, como a minha
Só na minha terra, a querem apagar
Só na minha terra a querem apagar
Apagar uma vela? Será possível
apagar das cabeças de quem viu a luz?
“É favor apagar a luz!” deve ter sido assim a ordem
Apagar a luz…
A estratégia, a visão?
De médicos a fazerem receitas só com uma mão
No telemóvel.
Doentes a falar com eles no Portal
E todas as receitas sem papel
E plataformas sem fim, e tantas coisas tantas
Que outros vêem como a luz:
Como estrelas que se seguem,
Vieram do Japão, do Brasil,
da Austrália e sítios mil.
Até de outros Ministérios,
Esses que guardam outros tantos mistérios.
Ontem, quis o vento
de repente que a vela se apague
lento e sorrateiro, sem dignidade nem poleiro,
Quis um vento que esta vela
não se consumisse mais
Ironia: Que se poupe…
Assim sobra para outras noites
Outros negros cantos iluminar
- Assim poupas-te! Diz-me o amigo.
Assim fico com pavio para voltar a acender
Talvez noutra terra, noutra instituição
Sempre com mesma força e paixão.
Quis uma decisão , informada na noite escura,
Que esta alma se calasse e não dissesse ao mundo
O que se passa de mal no Estado em Portugal
Somos como velas.
consumimos no que acreditados.
E eu acredito que é possível mudar PORTUGAL