Um poema sobre São Paulo
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Resposta:
OTURNO DA RUA MARQUÊS DE ITU
Começa na Praça da República
de maneira desde já oblíqua e ambígua
e vai pondo árvores abstratas
em seu caminho.
Passantes passam-lhe ao longo
e ao estreito, conhecidos meliantes
e mundanas
líricas sem escamas e sem dentes
ou de sorriso afiado como um corte,
professores de medo em uniformes
de um azul mais escuro do que o preto
da noite que dissolve esses contornos
e marginais possíveis,
impossíveis trazendo a punição na testa
como um emblema.
O uivo dolorido da polícia
estilhaça o sono nas calçadas.
A culpa pula, esconde-se na esquina,
espreita atrás do cartaz,
dá boa-noite e vai punir-se
no porão do edifício, perplexa.
A rua que se afina segue os fios
do ônibus elétrico:
transatlântico salão iluminado deslizante
caixão claro vazio baleia oca sob
a luz corrompida da lua. A rua
transporta para o lado das Perdizes,
Pacaembu, Lapa, Arvoredo, Tempo
os veículos que analisa, canaliza,
o imaginário corredor que é o ônibus
de olhares furados.
Enquanto, maliciosa, pisca a análise,
a rua calada e fria mais que a lua
vai derivando tudo para o lado
do longe e para ele ela deriva
seu
sempre
que é simplesmente um Nunca