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Um país pode morrer?
Com níveis cada vez menores de fecundidade e emigração em massa, países da Europa Oriental poderiam se tornar exemplos de Estados insustentáveis
O desaparecimento de povos é um acontecimento raro na história mundial, mas não inédito. As grandes cidades e centros cerimoniais maias estão em parte preservados, em países como México e Guatemala, embora a civilização que chegou a ter mais de 10 milhões de pessoas tenha desaparecido por volta do ano 950. Mas seria possível um cenário catastrófico como esse ocorrer nos dias atuais também com um país?
O retrato de um Estado de ruas desertas pode se materializar em algumas regiões em pouco tempo, segundo previsões do economista britânico Edward Hugh. O colaborador da revista norte-americana Foreign Policy defendeu em um artigo recente que a baixa fecundidade de diversas nações europeias poderia literalmente provocar a morte de um país. “É um problema seríssimo que tem se agravado, pois há poucas pessoas querendo contemplá-lo. Não estão dando a atenção devida ao assunto”, disse Hugh a CartaCapital.
O economista toma como exemplo em seu levantamento a situação demográfica da Ucrânia, ex-república soviética que há décadas registra baixos níveis de fecundidade, aliados à contração populacional e à emigração. Segundo um relatório de 2011 da Organização Internacional para Migração (ligada à ONU), 6,5 milhões de ucranianos, ou 14,4% da população, vivem fora do país.
O resultado da migração e da baixa taxa de fecundidade – as mulheres ucranianas têm, em média, 1,46 filhos, bem abaixo dos 2,1 da taxa de reposição – derrubou a população de 52 milhões de pessoas em 1992, para 45 milhões no ano passado. Entre 2005 e 2010, o número de mortes superou o de nascimentos em 5,7%. Hoje, o país perde 330 mil pessoas por ano. Para Hugh, esses dados indicam que a Ucrânia está à beira da “morte”. “Podemos ter esse cenário em duas décadas, especialmente se outras partes do mundo forem capazes de crescer e atrair a população jovem”, prevê.
Um palpite que para o demógrafo Tomas Sobotka, pesquisador do Instituto de Demografia de Viena, na Áustria, tem poucas chances de se concretizar. “Supor que um país morrerá é ir longe demais. Nunca na história da humanidade vimos um exemplo de nação morrendo devido à incapacidade de se reproduzir.”
Sobotka reconhece, porém, ser possível vislumbrar uma queda espiral do número de nascimentos e da população, combinado à emigração de jovens e ao aumento acelerado na proporção de idosos. “Atualmente, alguns países relativamente pobres da Europa (Bulgária, Estônia, Letônia, Lituânia, Moldávia e Albânia) perderam entre 14% e 20% de sua população entre 1990 e 2012 e as projeções de perdas para as próximas décadas também estão nas casas das dezenas de percentagem”, diz.
Entre os aspectos que mais contribuem para essa fuga em massa está a economia. A incapacidade de gerar crescimento e empregos é uma porta aberta para a migração. No auge da crise, em 2009, o PIB ucraniano encolheu 15%. Desde então o país voltou a crescer, mas no último ano enfrentou uma recessão e cresceu apenas 0,2%. “Quando as economias não funcionando bem, os jovens talentosos mudam para países como a Alemanha e o Reino Unido. E fica difícil imaginar como os jovens que ficam poderão sustentar toda a população idosa proporcionalmente maior”, afirma Hugh.
A ausência de crescimento econômico estável ou perspectiva de melhora afeta também o número de membros por família. Quando há incerteza, os casais adiam os planos de ter filhos. E essa insegurança pode ser um dos fatores para o derretimento demográfico ucraniano (e também da Europa Oriental como um todo).
A ONU estima que a Ucrânia terá, até 2100, cerca de 30 milhões de pessoas, mas em um cenário de baixa fecundidade o país pode perder até dois terços de sua atual população, atingindo 12,5 milhões de habitantes no final do século.
Ainda assim, acredita Sobotka, o cenário previsto por Hugh dependeria de uma crise profunda e prolongada por décadas ou séculos. Considerando como exemplo as projeções demográficas do Japão, país com níveis de reprodução muito baixos, e mantendo os índices de fecundidade atuais constantes, a população japonesa encolheria de 127 milhões em 2010 para 43 milhões em 2100. Ficaria abaixo de 10 milhões apenas em 2200. E seria virtualmente limpada do mapa em 3300, quando existiriam apenas 1 mil japoneses.
O Japão é um dos países fora da Europa com os mais graves problemas demográficos. Algo que, como destaca o Nobel de Economia Paul Krugman, influenciou sua estagnação econômica, pois a baixa fecundidade que já dura décadas leva à redução da população em idade de trabalho e deprecia a demanda por investimentos. É difícil supor, entretanto, que o cenário de extinção do Japão e de outros países por falta de população ocorreria sem que os governos tentassem evitá-lo.
Com níveis cada vez menores de fecundidade e emigração em massa, países da Europa Oriental poderiam se tornar exemplos de Estados insustentáveis
O desaparecimento de povos é um acontecimento raro na história mundial, mas não inédito. As grandes cidades e centros cerimoniais maias estão em parte preservados, em países como México e Guatemala, embora a civilização que chegou a ter mais de 10 milhões de pessoas tenha desaparecido por volta do ano 950. Mas seria possível um cenário catastrófico como esse ocorrer nos dias atuais também com um país?
O retrato de um Estado de ruas desertas pode se materializar em algumas regiões em pouco tempo, segundo previsões do economista britânico Edward Hugh. O colaborador da revista norte-americana Foreign Policy defendeu em um artigo recente que a baixa fecundidade de diversas nações europeias poderia literalmente provocar a morte de um país. “É um problema seríssimo que tem se agravado, pois há poucas pessoas querendo contemplá-lo. Não estão dando a atenção devida ao assunto”, disse Hugh a CartaCapital.
O economista toma como exemplo em seu levantamento a situação demográfica da Ucrânia, ex-república soviética que há décadas registra baixos níveis de fecundidade, aliados à contração populacional e à emigração. Segundo um relatório de 2011 da Organização Internacional para Migração (ligada à ONU), 6,5 milhões de ucranianos, ou 14,4% da população, vivem fora do país.
O resultado da migração e da baixa taxa de fecundidade – as mulheres ucranianas têm, em média, 1,46 filhos, bem abaixo dos 2,1 da taxa de reposição – derrubou a população de 52 milhões de pessoas em 1992, para 45 milhões no ano passado. Entre 2005 e 2010, o número de mortes superou o de nascimentos em 5,7%. Hoje, o país perde 330 mil pessoas por ano. Para Hugh, esses dados indicam que a Ucrânia está à beira da “morte”. “Podemos ter esse cenário em duas décadas, especialmente se outras partes do mundo forem capazes de crescer e atrair a população jovem”, prevê.
Um palpite que para o demógrafo Tomas Sobotka, pesquisador do Instituto de Demografia de Viena, na Áustria, tem poucas chances de se concretizar. “Supor que um país morrerá é ir longe demais. Nunca na história da humanidade vimos um exemplo de nação morrendo devido à incapacidade de se reproduzir.”
Sobotka reconhece, porém, ser possível vislumbrar uma queda espiral do número de nascimentos e da população, combinado à emigração de jovens e ao aumento acelerado na proporção de idosos. “Atualmente, alguns países relativamente pobres da Europa (Bulgária, Estônia, Letônia, Lituânia, Moldávia e Albânia) perderam entre 14% e 20% de sua população entre 1990 e 2012 e as projeções de perdas para as próximas décadas também estão nas casas das dezenas de percentagem”, diz.
Entre os aspectos que mais contribuem para essa fuga em massa está a economia. A incapacidade de gerar crescimento e empregos é uma porta aberta para a migração. No auge da crise, em 2009, o PIB ucraniano encolheu 15%. Desde então o país voltou a crescer, mas no último ano enfrentou uma recessão e cresceu apenas 0,2%. “Quando as economias não funcionando bem, os jovens talentosos mudam para países como a Alemanha e o Reino Unido. E fica difícil imaginar como os jovens que ficam poderão sustentar toda a população idosa proporcionalmente maior”, afirma Hugh.
A ausência de crescimento econômico estável ou perspectiva de melhora afeta também o número de membros por família. Quando há incerteza, os casais adiam os planos de ter filhos. E essa insegurança pode ser um dos fatores para o derretimento demográfico ucraniano (e também da Europa Oriental como um todo).
A ONU estima que a Ucrânia terá, até 2100, cerca de 30 milhões de pessoas, mas em um cenário de baixa fecundidade o país pode perder até dois terços de sua atual população, atingindo 12,5 milhões de habitantes no final do século.
Ainda assim, acredita Sobotka, o cenário previsto por Hugh dependeria de uma crise profunda e prolongada por décadas ou séculos. Considerando como exemplo as projeções demográficas do Japão, país com níveis de reprodução muito baixos, e mantendo os índices de fecundidade atuais constantes, a população japonesa encolheria de 127 milhões em 2010 para 43 milhões em 2100. Ficaria abaixo de 10 milhões apenas em 2200. E seria virtualmente limpada do mapa em 3300, quando existiriam apenas 1 mil japoneses.
O Japão é um dos países fora da Europa com os mais graves problemas demográficos. Algo que, como destaca o Nobel de Economia Paul Krugman, influenciou sua estagnação econômica, pois a baixa fecundidade que já dura décadas leva à redução da população em idade de trabalho e deprecia a demanda por investimentos. É difícil supor, entretanto, que o cenário de extinção do Japão e de outros países por falta de população ocorreria sem que os governos tentassem evitá-lo.
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