Question

Um novo ano letivo se inicia. A escola, limpa e arrumada, espera a chegada dos alunos para o começo das aulas. Para enfeitar a instituição, a equipe gestora selecionou cartazes, dando destaque àquele que todo ano estampa suas paredes mais visíveis: “Diga não às drogas”. No horário de chegada, uma professora põe-se à porta, e ao conjunto de alunos ansiosos para entrar, ela pergunta: “Já tomaram sua Ritalina hoje, crianças?”, ouvindo a uníssona resposta de um disciplinado coro: “Sim!”

A cena relatada acima escancara, de forma caricatural, o retrato de muitas escolas: nelas, campanhas contra o “uso de drogas” convivem de maneira harmônica com o consumo institucionalizado (desejado e até mesmo estimulado) de psicofármacos. Tamanha é a força dessa contradição que o premiado cartunista político Jeff MacNelly a eternizou em uma charge, publicada no Chicago Tribune, em 2000:

Essa charge foi traduzida para o português, e tem sido amplamente divulgada no Brasil. Isso porque, embora seja dos Estados Unidos, ela se aplica muito bem ao caso brasileiro, no qual o consumo de metilfenidato em larga escala pelo alunado não é analisado no âmbito do uso/abuso de drogas, produzindo campanhas para desestimular seu uso, como é feito no caso de outras drogas (incluindo álcool e tabaco).

Alunos e familiares têm sido convencidos por profissionais da área da saúde e da educação que possuem doenças do comportamento e da aprendizagem, e que para poderem frequentar as escolas de maneira regular terão, obrigatoriamente, de ser diagnosticados e tratados com o uso diário de psicotrópicos (não seriam estas “drogas” também?).





É sobre essa discussão sobre a medicalização e patogização da Infância no âmbito escolar que essa próxima questão se situa:



I- A escola é parte de uma sociedade que estabelece padrões culturais, econômicos e sociais, e busca reproduzir o que considera e espera como “normalidade de comportamento” do indivíduo. Esta postura demonstra a dificuldade em aceitar e lidar de maneira respeitosa e humana o que se mostra como diferente desses padrões.

II- O processo de produção de diagnósticos de algum tipo de transtorno passou a ocorrer de forma acelerada e sem os critérios diagnósticos necessários. Assim, com muita facilidade, modos diferentes de agir, aprender e comportamentos passaram a ser rotulados e consequentemente diagnosticados como doenças.

III- Atualmente, acontece ampla mobilização em torno da crítica à medicalização, principalmente por profissionais das áreas da Saúde e Educação, que têm se posicionado diante do “inadequado tratamento” dado aos problemas no processo escolar.

IV- Com frequência, a escola tem transferido à área médica a solução dos problemas especificamente escolares, de modo a patologizar com a prescrição de medicamentos, como a conhecida “Ritalina”, aspectos do comportamento social e dificuldades de aprendizagem das crianças e adolescentes.

V- A Educação vem se submetendo à Medicina, Psicologia, Assistência Social e à Fonoaudiologia, que se apropriam cada vez mais, ilegitimamente, de um campo que lhes é estranho. Observa-se em muitos desses casos um grande interesse profissional e do mercado farmacológico.



Analisando todas as afirmações, é correto afirmar que:


Escolha uma opção:
a.
Estão corretas somente as afirmações III e V.

b.
Estão corretas somente as afirmações II e III.

c.
Estão corretas as afirmações I, II, III, IV e V.

d. Estão corretas somente as afirmações I, II, III e V.
e.
Estão corretas somente as afirmações I, II e IV.​

Answer 1

Resposta: d   I,II,III,IV e V

Explicação:d   I,II,III,IV e V

Answer 2

Resposta:

c. Estão corretas as afirmações I, II, III, IV e V.

Explicação:

Todas as alternativas estão corretas