Um futuro sombrio
No romance Fahrenheit 451 (1953), Ray Bradbury imagina
um futuro sombrio no qual os bombeiros se dedicam não a apa-
gar incêndios mas sim a queimar livros, especialmente de ficção.
Segundo o romance, como se chegou a esse futuro?
À proporção que a chamada vida moderna se acelerou, os li-
vros se reduziram primeiro a breves resumos de poucas páginas,
depois a emissões radiofônicas de quinze minutos, por fim a no
máximo dez linhas em um dicionário. As universidades pararam
de produzir professores. Em todos os lugares, espalharam-se “joke-
-boxes”, ou seja: caixas de música que, em vez de tocar música,
apenas contam piadas. A palavra “intelectual” se converteu em
um xingamento.
Como as casas não pegavam mais fogo, os antigos bombeiros
passaram a ter o trabalho de queimar todos os livros do mundo.
Junto com os livros, eles agora queimam também as pessoas que
não desistem de ler. Um bombeiro chamado Montag, porém, lê os
livros que deveria queimar. Quando chega a vez de queimarem os
seus livros e a ele mesmo, consegue fugir. Na fuga, Montag encontra
várias pessoas que vivem nas florestas como nômades, ocupando-
-se em guardar de memória os livros que leram. São bibliotecas am-
bulantes disfarçadas de mendigos.
Um deles lhe explica no que eles acreditam: “A coisa mais im-
portante que tivemos de meter na cabeça é que nós não éramos
importantes, que não devíamos ser pedantes: nós não nos sentía-
mos superiores a ninguém mais neste mundo. Somos nada mais do
que as capas empoeiradas dos livros, sem qualquer valor intrínseco”.
Ao dizer que eles não são “mais do que as capas empoeiradas dos li-
vros”, o homem-livro enfatiza a preocupação de guardar aquilo que
torna os seres humanos melhores e maiores.
Depois de ser apresentado a esses homens, Montag vê que a ci-
dade mais próxima se transforma num clarão. Os Estados Unidos
finalmente parecem ter sido atingidos por uma bomba atômica (a
cena é imaginada quase quarenta anos antes da queda das torres
gêmeas).
Ao encontrarem os sobreviventes solitários e perdidos, os ho-
mens-livros dizem que eles estão ali para lembrar. Eis como pre-
tendem vencer a longo prazo: de tanto recordarem, acabarão por
escavar a maior sepultura de todos os tempos para nela enterrar
nada mais nada menos do que a guerra. Os livros que começam
a devolver às pessoas se revelarão espelhos nos quais todos podem
voltar a se observar longamente.
Cláudio Cano
Sobre o Fahrenheit 451, é correto afirmar que se trata de um
romance do gênero:
a) dissertativo, em virtude da progressão lógica e da presença
de argumentos.
b) descritivo, pois aponta as características de um povo e seus
atos.
c) narrativo, visto que se tem uma progressão temporal dos fa-
tos e mudanças de estado.
d) descritivo de caráter utilitário, pois trata de forma real e obje-
tiva um problema social.
e) dissertativo indutivo, sobre a falta de conhecimento de um
povo.
Soluções para a tarefa
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c) narrativo, visto que se tem uma progressão temporal dos fa-
tos e mudanças de estado. Isso se deve ao fato da descrição da história feita por um narrador onisciente.
tos e mudanças de estado. Isso se deve ao fato da descrição da história feita por um narrador onisciente.
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