Um estudo realizado na Universidade de Cornell, nos Estados Unidos, recém-publicado no periódico Science Advances, descreveu um avanço na busca para melhorar a fotossíntese em certas culturas. O achado pode
ajudar as plantas a se adaptarem às rápidas mudanças climáticas e aumentar os seus rendimentos no futuro
próximo. De acordo com o especialista em plantas Carlos Hotta, professor do Instituto de Química (IQ) da USP,
o trabalho “utilizou uma família de plantas chamada solanácea. Ela é uma família interessante porque inclui
diversas plantas que usamos no dia a dia, como o tomate, a batata, a berinjela e o tabaco”, explica.
Os pesquisadores desenvolveram uma técnica computacional para prever possíveis sequências de genes
favoráveis que codificam a RuBisCO (abreviatura de ribulose-1,5- bisfosfato carboxilase oxigenase), uma
enzima vegetal chave para a fotossíntese e uma das proteínas mais abundantes no planeta. “A enzima dessas
plantas surgiu milhões de anos atrás, quando a concentração de CO2 da atmosfera era mais alta do que hoje”,
esclarece Hotta. Em um contexto de mudanças climáticas, recuperar a capacidade dessas enzimas de captarem
a substância em maior quantidade pode ser crucial para ampliar sua capacidade de fotossíntese. Mas como foi
possível “ressuscitar” a versão de milhões de anos da RuBisCO? O especialista conta que os cientistas selecionaram todos os membros da família da solanáceas que existem atualmente, analisaram o plano da RuBisCO e
fizeram diversas comparações. O processo permitiu que eles identificassem enzimas candidatas promissoras
que poderiam ser projetadas em culturas modernas e, em última análise, tornar a fotossíntese mais eficiente.
Sobre a técnica, o professor ilustra: “Seria equivalente a comparar meu irmão, meu primo, meu primo de segundo grau, terceiro grau e por aí vai buscando as semelhanças e as diferenças entre as composições, até chegarem à enzima antiga”. Trazê-la de volta tem potencial para levar os pesquisadores a desenvolverem enzimas
mais rápidas e mais eficientes que podem, por meio de edição de DNA, serem transferidas para novas culturas.
A ação deve ajudar as plantas a se adaptarem a condições futuras quentes e secas, à medida que as atividades
humanas estão aumentando as concentrações de gás CO2 na atmosfera da Terra.
“O futuro em um planeta com outras concentrações de gás carbônico é incerto, as temperaturas aumentam, os padrões climáticos vão mudar, e isso quer dizer que, talvez, a nossa produção de comida possa ficar
mais imprevisível”, pontua ele ao reforçar que todo esforço em ampliar a atual capacidade de produção de
comida é um avanço importante. “Conseguir fazer com que essas plantas tenham uma maior produtividade
em uma atmosfera com mais gás carbônico é uma vantagem que pode nos ajudar a mitigar os efeitos das
mudanças climáticas”, finaliza.
(retirado de jornal.usp.br/acesso em 28 de abril de 2022)
03. Explique de que maneira a edição da RuBisCO para aumentar sua eficiência pode ser importante em
um ambiente com índices maiores de CO2, destacando o papel da enzima no processo fotossintético
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