Um escritor somente é escritor quando
menos é escritor, no instante mesmo em que
tenta ser escritor e escreve.
Na absoluta solidão de seu oficio, enquanto
a mente elabora as frases e a mão corre para
acompanhar-lhe o raciocínio, é escritor
Nesse espaço, entre o pensamento e a
expressão, vibra no ar um ser sutil, fátuo e que,
terminada a frase, concluído o texto, se evapora,
Nesse átimo, o escritor é escritor. Aí e somente al.
Depois, já é o primeiro leitor, o primeiro
crítico de si mesmo e não mais escritor.
Explodida a bolha de sabão em que planava,
começa a surgir o autor, essa derivação valdosa
e arrogante do escritor.
como base nos informações do ensaio em qual momento passa a existir escritor?
A-/ o escritor passa de existir depois que o livro já está disponível para que os leitores.
B-/o escritor existe entre o espaço de pessoas que expressam pelo texto.
C-/a partir da primeira que ficar de si mesmo é existem o leitor.
D-/quanto o nome do escritor já estiver instalado no livro é que passa ele passa a existir.
E-/ somente enquanto esse pensamento em que ser estrito e qual tal profissão existe.
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Soluções para a tarefa
Resposta:
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Explicação:
Estreou na literatura com em 1982 com Caminhando na Chuva, novela de temática adolescente que já vendeu mais de 100.000 exemplares.
Em 1985, ganhou projeção nacional com o livro “O Pêndulo do Relógio”, que venceu com o Prêmio Jabuti.
Foi laureado mais duas vezes com o prêmio, em 1993, com o livro de contos “Um outro olhar”, e em 1996, com o livro “Antologia Pessoal”.
Kiefer tem mais de 30 livros publicados no Brasil, na França e em Portugal. É professor de Escrita Criativa, Produção de Textos Poéticos, Oficina de Criação Literária e Conto Brasileiro: Teoria e Prática, na PUC-RS, e orientador de oficinas literárias particulares.
Em 2010, a Editora Leya publicou “Para Ser Escritor”, obra em que Kiefer elabora seus mais de 25 anos de experiência como professor de oficinas literárias.
A seguir, alguns dos ensaios, ou trechos de ensaios, contidos nesse livro.
Ser escritor
Um escritor somente é escritor quando menos é escritor, no instante mesmo em que tenta ser escritor e escreve. Na absoluta solidão de seu ofício, enquanto a mente elabora as frases e a mão corre para acompanhar-lhe o raciocínio, é escritor.
Nesse espaço, entre o pensamento e a expressão, vibra no ar um ser sutil, fátuo e que, terminada a frase, concluído o texto, se evapora. Nesse átimo, o escritor é escritor. Aí e somente aí.
Depois, já é o primeiro leitor, o primeiro crítico de si mesmo e não mais escritor.
Explodida a bolha de sabão em que planava, começa a surgir o autor, essa derivação vaidosa e arrogante do escritor.
(…)
É o autor que imagina o efeito que seu texto produzirá sobre os outros, sobre a sociedade; é o autor que sente prazer em ver seu nome estampado na capa de uma obra qualquer; é o autor que se regozija com um comentário positivo da crítica, que se enfurece com um comentário negativo.
A angústia de escrever talvez advenha daí, dessa encruzilhada, dessa cicatriz e dessa impossibilidade de se permanecer escritor por muito tempo.
(…)
O autor, ao contrário do escritor, corre rapidamente em direção a outra mutação — transforma-se no profissional de literatura, no cronista, no contista, no romancista.
(…)
Aos poucos, enfim, o autor, auxiliado por profissionais competentes, vai matando o escritor, fazendo-o esquecer-se de que escrever e sonhar são uma coisa só e que se esgotam no próprio devir. (…)
A nova estética
A locomotiva e a imprensa criaram o conto moderno. Edgar Allan Poe, numa resenha sobre Twice told tales, de Nathaniel Hawthorne, faz a apologia da rapidez e da concisão, um século antes de Ítalo Calvino estabelecê-las como paradigmas estéticos para o século XXI.
Poe condena o estilo lento, rebuscado, verboso, comparando-o às velhas diligências do Oeste.
O futuro, anuncia o escritor de Boston, será das locomotivas e dos textos rápidos. A dissertação, vaticina o pai do Corvo, cederá lugar à informação. Até mesmo o conto, que ele também cultiva, há de ser lido de uma assentada. De uma assentada de trem que fizesse um percurso de, no máximo, duas horas. Ou uma só, de preferência.
Hoje, muitos bons contos podem ser lidos em menos tempo, muito menos tempo. Contos que requeiram duas horas de leitura já são, para nós, tediosas novelas.
O mundo se acelera, e a literatura — espelho em que ele se mira — apressa-se também.
Importante é não confundir pressa com rapidez.
Pressa é relaxamento.
Rapidez pode ser virtude.
Não escrevo este rápido e conciso texto com pressa. Mas ele poderá ser lido rapidamente.
Ele deve ser lido rapidamente, que os bytes e os neurônios têm pressa, muita pressa.
Porque a nossa atual locomotiva chama-se internet. E ela é rápida, muito rápida.
A sacralização do próprio texto
(…) O aluno que sacraliza o próprio texto, que contempla demais a própria imagem, que não aceita a crítica, está fadado a ter o mesmo destino de Narciso — fenecer de inanição à beira da fonte