Um dos maiores prêmios do fotojornalismo contemporâneo acaba de ser dado a um trabalho desconcertante: o retrato de uma jovem afegã que teve nariz e orelhas cortados pelo marido. A fotografia assinada pela sul-africana Jodi Bieber e publicada na capa da Time em agosto do ano passado venceu o World Press Photo. Ousada e agressiva, comovente e revoltante, a imagem correu o mundo por conta da sua contundência e do impressionante alcance da publicação que a estampou nas bancas.
Mas por que o jornalismo recorre a um expediente desses ainda hoje? Afinal, para que serve uma foto dessas?
Há seis meses, quando a foto circulou na capa foi comum ouvir críticas e ataques à revista: foi apelativo, desnecessário e abusivo. Houve quem torcesse o nariz, desviasse o olhar. Claro! A imagem nos atira na cara uma violência ancestral, inadmissível porque difícil de compreender, ao menos para quem não comunga dos mesmos hábitos, das mesmas idiossincrasias. Mas não foi apenas a denúncia de uma tragédia pessoal que garantiu tanta visibilidade para o retrato da jovem Bibi Aisha.
De forma muito hábil, a fotografia pega um atalho por uma estética muito atual, a dos retratos de famosos. Nossas revistas parecem vitrines de modelos sorridentes, de saudáveis mulheres postadas em três-quartos, dispostas a dividir conosco a sua intimidade célebre. A foto da afegã sem nariz flerta com esse clichê, mas exibe uma modelo imperfeita, deformada, mutilada. Seus traços delicados, os cabelos negros escorrendo pelos ombros, o véu tradicional, os lábios quase infantis, os olhos grandes e expressivos ajudam a compor uma estampa que se desarmoniza com a ausência de um esperado nariz no meio do rosto. O ‘ruído’, o ‘furo’ que desmonta a beleza de Bibi Aisha funciona como um gatilho para a consciência do leitor. Agride o bom gosto, interrompe o nosso sorriso, afronta nosso senso de realidade.
Isso ajuda a responder pra que serve uma foto jornalística, ou como o jornalismo pode recorrer a essa linguagem para cumprir suas tarefas.
Embora vivamos cada vez mais num ambiente pasteurizado, preocupado com harmonizações de gostos, cores e estéticas, de maneira a não afrontar a audiência, o jornalismo se coloca diferente. Ele é inconveniente às vezes sim. Chacoalha as pessoas, grita em nossos ouvidos, esfrega imagens indigestas em nossas vistas. O jornalismo não é a melhor forma de bom-mocismo, e há quem já tenha dito que sua função seja ‘afligir os acomodados e acomodar os aflitos’.
1) De acordo com o texto, para que serve uma foto no jornalismo? *
1 ponto
A) De acordo com o texto, a foto no jornalismo servem apenas para ressaltar que as nossas revistas parecem vitrines de modelos sorridentes, de saudáveis mulheres postadas em três-quartos, dispostas a dividir conosco a sua intimidade célebre.
B) De acordo com o texto, a foto no jornalismo indica que vivemos cada vez mais num ambiente pasteurizado, preocupado com harmonizações de gostos, cores e estéticas, de maneira a não afrontar a audiência.
C) De acordo com o texto, a foto no jornalismo serve para chacoalhar as pessoas, para mostrar fatos desagradáveis e denunciar questões.
D) De acordo como o texto, a fotografia no jornalismo serve para pegar um atalho por uma estética muito atual, a dos retratos de famosos.
Soluções para a tarefa
Respondido por
29
Resposta:1) C
2) D
Explicação:
Acabei de fazer
Respondido por
35
respostas do dia 03/03/2021 L. Portuguesa | Aula 03 I 1- C) 2- D) Matemática | Aula 03 | 1- a) 2- d) Geografia | Aula 02 | 1- D) 2- D) História | Aula 02 | 1- b) 2- b
laissfernanda123:
ta td certo, obg
Perguntas interessantes
Biologia,
5 meses atrás
Matemática,
5 meses atrás
Matemática,
7 meses atrás
Matemática,
7 meses atrás
Matemática,
11 meses atrás
Saúde,
11 meses atrás
Matemática,
11 meses atrás