um cordel rimado falando sobre os estados de paraíba, Pernambuco e rio grande do norte. "URGENTE"
Soluções para a tarefa
Resposta:
Explicação:
Literatura de cordel também conhecida no Brasil como folheto, literatura popular em verso, ou simplesmente cordel, é um gênero literário popular escrito frequentemente na forma rimada, originado em relatos orais e depois impresso em folhetos.
Remonta ao século XVI, quando o Renascimento popularizou a impressão de relatos orais, e mantém-se uma forma literária popular no Brasil. O nome tem origem na forma como tradicionalmente os folhetos eram expostos para venda, pendurados em cordas, cordéis ou barbantes em Portugal. No Nordeste do Brasil o nome foi herdado, mas a tradição do barbante não se perpetuou: o folheto brasileiro pode ou não estar exposto em barbantes. Alguns poemas são ilustrados com xilogravuras, também usadas nas capas.
As estrofes mais comuns são as de dez, oito ou seis versos. Os autores, ou cordelistas, recitam esses versos de forma melodiosa e cadenciada, acompanhados de viola, como também fazem leituras ou declamações muito empolgadas e animadas para conquistar os possíveis compradores.
Resposta:
Já dizia Patativa
Grande mestre professor:
Pra falar da minha terra
Tem de ser conhecedor
Só possui conhecimento
Com bastante embasamento
Quem daqui é morador.
Nordestina é essa gente
Que conhece a exclusão
O injusto esquecimento
Triste de desilusão
Pois se vive condenado
Invisível e renegado
Feito fosse reclusão.
O nordeste é preterido
Já tem tempo até demais
E por causa dessa sina
Já de nossos ancestrais
Muita gente foi simbora
Desde antes té agora
Vivendo nas capitais.
Só que na cidade grande
Nordestino vira bicho
Humilhado e explorado
Só tratado como lixo
O trabalho e a labuta
É o som que se escuta
Nessa vida de serviço.
Trabalhando feito escravo
Sem direito ou assistência
Nosso povo é oprimido
Num teste de resistência
No sol quente ou no frio
Pelos cantos do Brasil
Sem espaço pra clemência.
Esse prédio tão bonito
Que paulista tanto gosta
Só pode ser construído
Com o peso em nossas costa
Sem família pra cobrar
Se morreu, pode enterrar
Feito um pedaço de bosta.
Foi assim com os candangos
Que fizeram essa Brasília
E saíram de suas terras
Pra viver na disbulia
Até hoje esse sumiço
Foi o pago do serviço
Duma constante vigília.
Trabalhar de sol a sol
É coisa de nordestino
Que batalha todo dia
Pra mudar o seu destino
Não tem tempo ocioso
Muito menos preguiçoso
Só vivendo o desatino.
As mulheres nordestinas
Desde cedo exploradas
Na cozinha ou no bordel
São ainda traficadas
Ser mulher não é moleza
E falando com franqueza
Só nos veem de empregada.
A batalha feminina
É puxada e dolorida
É na roça e na cidade
Trabalhando por comida
Com os filho abandonada
É de meretriz chamada
E com força reprimida.
Se virar uma empregada
Pra limpar a casa alheia
O dinheiro é uma miséria
Que não faz um pé de meia
E o patrão que assedia
Só demonstra a covardia
Dessa elite brasileira.
Muitas dessas nordestinas
Que acabam no sudeste
Não arranjam um trabalho
Nem um salário que preste
E a prostituição
Vira a única opção
Nesse mundo cafajeste.
Para além de tudo isso
Que envolve o trabalhar
É notável e evidente
O desejo de apagar
A cultura nordestina
De riqueza que ensina
E só faz nos orgulhar.
Já começa do sotaque
Essa padronização
Que imita nossa fala
Nessa vil televisão
E a gente é debochado
Com o riso escrachado
Sem contextualização.
Para o povo nordestino
Fica o resto do sobejo
Bota a gente de piada
Nesse cultural despejo
Que rejeita nossa arte
Faz de nós a contraparte
Dum cruel e mau desejo.
Quem despreza nossa gente
Não esconde o que almeja
Que é a nossa extinção
Bem entregue de bandeja
Pedem a separação
Dividindo essa nação
Numa linha que traceja.
Mas pior é perceber
O que dói é constatar
Que nem mesmo a esquerda
Que se diz politizar
Lembra do nosso nordeste
Pois só olha pro sudeste
Sem querer mobilizar.
Só quem fala é sudestino
O lembrado maiorial
Convidado em todo canto
Palestrante coisa e tal
O nordeste é invisível
Na política risível
Sem conduta e imoral.
É por isso que eu digo
Fácil é ser miltante
E falar coisa bonita
Dando uma de importante
Mas na hora de provar
E na prática atestar
Só se mostra ignorante.
Pois o reconhecimento
Pro sudeste é destinado
Não importa a corrente
Nem problema abordado
Se falar de feminismo
De favela, de racismo
O nordeste é apagado.
Mas pra cá no Pernambuco
E no Rio Grande do Norte
Ceará ou Paraíba
Também acontece morte
Nordestino é minoria
Sem nenhuma regalia
E jogado à própria sorte.
No nordeste tem racismo
E a mulher é espancada
Também tem homofobia
E a travesti rejeitada
Também vive nessa terra
Enfrentando uma guerra
Onde é silenciada.
Nossa terra tem favela
E a polícia é militar
Aqui tem periferia
Falta só tu enxergar
É por isso que eu grito
E nem vou falar bonito
Pra paulista se agradar.
Já estamos saturados
Dessa discriminação
Pois a nossa inteligência
Não é para a servidão
A gente não é capacho
Dessa bando de diacho
Elitista fi do cão.
Eu não mudo meu sotaque
Nem meu termo imponente
A riqueza da minha terra
Que é falada pela gente
Como disse o Suassuna
Minha língua é Jaguaruna
E não troco meu oxente.
Com orgulho falo alto
Essa pátria me pariu
Como filha nordestina
Dessa força feminil
Me calar não poderia
Eu sou da periferia
Da perifa do Brasil.
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