Artes, perguntado por marjoriecarreira, 5 meses atrás

Um chá muito louco
Em frente da casa, havia uma mesa posta, toda arrumada, debaixo de uma árvore. Sentados junto a ela, a Lebre de Março e o Chapeleiro estavam tomando chá. Entre eles, um ratinho, tão sonolento que era um verdadeiro Dormundongo, dormia a sono solto, e os outros dois o usavam como se ele fosse uma almofadinha, apoiando os cotovelos em cima dele e conversando por cima de sua cabeça.

— Deve ser muito desconfortável para esse ratinho — pensou Alice. — Mas ele está dormindo tão pesado, que não deve ligar.

A mesa era bem grande mas os três se amontoavam num canto.

— Não tem lugar! Não tem lugar! — gritaram quando viram Alice se aproximando.

— Está cheio de lugar! — exclamou ela indignada, e se sentou numa poltrona grande, na cabeceira.

— Você precisa cortar o cabelo — comentou o Chapeleiro, que estava observando Alice com muita curiosidade e agora falava pela primeira vez.

— Você devia aprender a não fazer comentários tão pessoais — disse a menina, severa. — É muito grosseiro.

O Chapeleiro arregalou os olhos quando ouviu isso. Mas a única coisa que disse foi:

— Qual é a semelhança entre um corvo e uma escrivaninha?

Alice logo pensou: "Oba! Agora vamos nos divertir. Que bom que eles começaram a brincar de adivinhar..." E falou em voz alta:

— Acho que eu consigo descobrir ...

— Você está dizendo que acha que consegue descobrir uma resposta para essa pergunta? — espantou-se a Lebre de Março.

— Exatamente.

— Então você tem que dizer o que está pensando — continuou a Lebre.

— Digo, sim — respondeu Alice, depressa. — Pelo menos, eu penso o que estou dizendo... o que é a mesma coisa, sabe?

— De jeito nenhum! — disse o Chapeleiro. — É como se você dissesse que "Eu vejo o que como" é a mesma coisa que "Eu como o que vejo".

— Ou então, como se dissesse que "Eu gosto do que eu consigo" é o mesmo que "Eu consigo o que eu gosto"! — disse a Lebre.

E o ratinho Dormundongo acrescentou, como se falasse dormindo:

— Ou como se dissesse que "Eu respiro quando durmo" é o mesmo que "Eu durmo quando respiro '!

— Para você, é a mesma coisa — disse o Chapeleiro.

— Já descobriu a solução da adivinha? — disse o chapeleiro, voltando-se para Alice.

— Não, desisto. Qual é a resposta?

— Não faço a menor ideia — disse o Chapeleiro.

— Nem eu — acrescentou a Lebre de Março.

Alice suspirou, cansada:

— Acho que vocês podiam fazer com o tempo coisas muito melhores do que gastá-lo com adivinhas sem respostas.

— Se você conhecesse o Tempo como eu conheço, não falaria assim — disse o Chapeleiro. — Não é uma coisa que se possa gastar, é gente.

— Não estou entendendo — disse Alice.

— Claro que não está! — afirmou o Chapeleiro, abanando a cabeça, com um ar de desprezo. — Aposto que você nunca falou com o Tempo!

CARROLL, Louis. Alice no País das Maravilhas. Trad. Ana Maria Machado. 3a ed. São Paulo: Ática, 1999, p. 70



Como você estudou, a obra de Alice no País das maravilhas é considerada uma das mais importantes da literatura fantástica .

A) o título do capítulo VII sugere que nele acontecerão coisas estranhas. Explique como é feita essa sugestão.


B) Aponte três detalhes insólitos do texto, ou seja, que não tem verossimilhança externa.​

Soluções para a tarefa

Respondido por CatPao
1

a alternativa D interpreta corretamente o tom irônico do Chapeleiro, evidente da expressão “claro que não”: sendo ela incapaz de compreender as coisas mais importantes, é evidente que não poderia entender o tempo

Perguntas interessantes