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BRASIL e a construção da identidade nacional
O nosso estilo de jogar futebol me parece contrastar com o dos europeus por um conjunto de qualidades de surpresa, de manha, de astúcia, de ligeireza e ao mesmo tempo de brilho e de espontaneidade individual em que se exprime o mesmo mulatismo (...). Os nossos passes, os nossos pitus, os nossos despistamentos, os nossos floreios com a bola, o alguma coisa de dança e capoeiragem que marcam o estilo brasileiro de jogar futebol, que arredonda e às vezes adoça o jogo inventado pelos ingleses e por eles e por outros europeus jogado tão angulosamente, tudo isso parece exprimir de modo interessantíssimo para os psicólogos e os sociólogos o mulatismo flamboyant e, ao mesmo tempo, malandro que está hoje em tudo que é afirmação verdadeira do Brasil.”
FREYRE, Gilberto. Sociologia. Rio de Janeiro: José Olympio, 1945, p. 421-422.
Parte significativa da leitura sociológica que existe sobre o futebol brasileiro é devedora à análise que o sociólogo Gilberto Freyre faz da “essência” do homem brasileiro. A partir do texto acima, é correto afirmar:
(A)
Para o autor, a forma malandra de nosso mulatismo ao jogar o futebol é uma das manifestações da essência do caráter do brasileiro.
(B)
Freyre afirma que o jeito brasileiro de jogar futebol é herdado da disciplinada cultura européia; nega, portanto, a herança de espontaneidade dos movimentos deixada pelos escravos.
(C)
Como o futebol no Brasil foi introduzido por imigrantes europeus, que vieram para substituir o trabalho do escravo negro entre o final do século XIX e início do XX, Freyre conclui que o caráter do homem brasileiro evidencia a negação da cultura negra e escrava enquanto influência sobre o “nosso estilo de jogar futebol”.
(D)
Para Freyre, o nosso estilo de jogar resulta da soma da desobediência às regras do futebol com o individualismo típico do mulato brasileiro.
(E)
A espontaneidade individual, os excessivos floreios, próprio de nossa forma malandra de viver e jogar o futebol – todos herdados de nosso passado escravista –, são vistos por Gilberto Freyre como indícios do subdesenvolvimento cultural do brasileiro.
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(A)
Para o autor, a forma malandra de nosso mulatismo ao jogar o futebol é uma das manifestações da essência do caráter do brasileiro.
Correto. Da perspectiva de Freyre o mulatismo brasileiro concede novas manhas e métodos de se jogar futebol.
(B)
Freyre afirma que o jeito brasileiro de jogar futebol é herdado da disciplinada cultura européia; nega, portanto, a herança de espontaneidade dos movimentos deixada pelos escravos.
Falso. O autor afirma o contrário, dizendo que somos diferentes dos europeus por jogarmos de maneira mais dinâmica.
(C)
Como o futebol no Brasil foi introduzido por imigrantes europeus, que vieram para substituir o trabalho do escravo negro entre o final do século XIX e início do XX, Freyre conclui que o caráter do homem brasileiro evidencia a negação da cultura negra e escrava enquanto influência sobre o “nosso estilo de jogar futebol”.
Falso. Não há negação, senão afirmação da cultura negra na prática do futebol, na visão de Freyre.
(D)
Para Freyre, o nosso estilo de jogar resulta da soma da desobediência às regras do futebol com o individualismo típico do mulato brasileiro.
Falso. A desobediência não é apontada por Freyre.
(E)
A espontaneidade individual, os excessivos floreios, próprio de nossa forma malandra de viver e jogar o futebol – todos herdados de nosso passado escravista –, são vistos por Gilberto Freyre como indícios do subdesenvolvimento cultural do brasileiro.
Falso. Freyre não relaciona o modo de jogar futebol do brasileiro e a situação de desenvolvimento.
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