História, perguntado por perolasouza21, 10 meses atrás

(Uff 2006) Escrevendo sobre a transição democrática brasileira e a emergência da Nova República em 1985, Boris Fausto afirma que “O fato de que tenha havido um aparente acordo geral pela democracia, por parte de quase todos os atores políticos, facilitou a continuidade de práticas contrárias a uma verdadeira democracia. Desse modo, o fim do autoritarismo levou o país a uma “situação democrática” mais do que a um regime democrático consolidado. A consolidação foi uma das tarefas centrais do governo e da sociedade nos anos posteriores a 1988” (FAUSTO, Boris. História Concisa do Brasil. São Paulo: Edusp/ Imprensa Oficial do Estado, 2002, p. 290). Com base na leitura do texto, analise duas contradições presentes no processo da transição “democrática” no Brasil.

Soluções para a tarefa

Respondido por areiasmiguel24
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Resposta:

Dentre as contradições, o candidato poderá apontar:  

I) fato de que a transição, por ter sido iniciada pelos próprios presidentes militares – em particular pelo presidente Ernesto Geisel – consistiu num processo, a princípio, controlado pelos próprios militares que, em função das disputas internas  na corporação entre os setores mais “liberais” e a chamada “linha dura”, imprimiram como sua marca um caráter lento, gradual e seguro, “fechado”, portanto, às reivindicações de caráter popular; II) o fato de que a transição brasileira, apesar de não provocar grandes abalos sociais, revelando o continuísmo de certos grupos no poder,  também não contemplou os reais problemas socioeconômicos do país, os quais transcendiam, em muito, a mera garantia de direitos políticos à população, dentre eles a redistribuição da renda, o fim da desigualdade de oportunidades a todos, a redefinição do modelo econômico recessivo, então praticado desde a crise do “milagre” etc.;

III) outra contradição residiu no fato de que a transição, por ser “pactuada”, resultou na permanência de práticas políticas tradicionais tais como a corrupção e o clientelismo, que impediram a consolidação de um regime efetivamente democrático;

IV) o fato de a campanha das “Diretas Já!”. (em torno da votação da  Emenda Dante de Oliveira, que restabeleceria eleições diretas para presidente da República ) ter sido substituída pela campanha pró-eleição de Tancredo Neves,  pelo voto indireto no Congresso (o mesmo que não aprovara as eleições diretas), já revelaria um novo arranjo político, do qual foram excluídos atores sociais antes presentes, sobretudo aqueles comprometidos com as causas populares, como o PT, por exemplo, grande mobilizador das “Diretas Já!”

V) o fato de que a transição, por consistir numa resposta do regime militar às pressões dos setores dominantes,  prejudicados pela crise econômica marcada pela inflação e estagnação, contou com um caráter altamente conservador e antipopular no tocante às políticas econômicas. Tais políticas foram praticadas após a posse do primeiro presidente civil (José Sarney), cujos “planos” econômicos – Cruzado, Bresser e Verão – via de regra, penalizaram os trabalhadores mediante congelamento dos salários e não dos preços – com exceção do Plano Cruzado, em sua fase inicial;

 VI) o fato de que a transição e a Nova República, sendo expedientes políticos que, em certa medida, desviavam as atenções da grave crise econômica do país - sem atacar de frente seus reais motivos - levaram ao agravamento da própria espiral inflacionária. Isso porque as políticas econômicas do período basearam-se em aumentos de tarifas públicas e impostos, além da ampliação vertiginosa da dívida interna brasileira;  g) o fato de que o sistema eleitoral, nascido com a Nova República e a Constituição de 1988 – estabelecendo eleições em dois turnos, por exemplo –, padeceu de limitações que impediriam a realização de disputas eleitorais  representativas da vontade da maioria da população, favoreceu  a vitória de candidatos da elite;  h) o fato de que  a política econômica do “feijão-com-arroz” (do então ministro Maílson da Nóbrega, 1988) – destinada a promover o “controle” da inflação em torno de 15% ao mês, (mediante redução dedéficits públicos via corte de incentivos fiscais – com a recuperação de algumas prerrogativas econômicas para o Congresso, após a aprovação da nova Constituição de 1988,)  levou a uma crise de “ingovernabilidade”, que cedo comprometia o caráter “democrático” da Nova República, dentre outras contradições.

Respondido por heloisagoncalves745
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Para Boris Fausto, a redemocratização do Brasil, ou nova democracia, apresentava contrariedades, visto que os escândalos políticos teriam continuidade e a população em geral teria que lutar para que regimes antidemocráticos como a Ditadura Militar não retornassem.

A redemocratização do Brasil para Boris Fausto

Para muitos historiadores, as instabilidades sociopolíticas do Brasil são vigentes desde o golpe república, pois a transição entre a monarquia e república foi um golpe que mais tarde permitiria outro golpe, a Ditadura Militar, já que o sistema como um todo se tornou frágil e corrupto.

Isso valida o ponto de vista de Boris Fausto acerca da redemocratização do país como algo que não seria capaz de resolver todos os problemas.

Aprenda mais sobre a Ditadura Militar: brainly.com.br/tarefa/149434

#SPJ2

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