Português, perguntado por Arthur0125, 9 meses atrás


(UFBA-Adaptada) I.

Tia Ciata sentou na tripeça num canto e toda aquela gente suando, médicos padeiros engenheiros rábulas polícias criadas focas assassinos, Macunaíma, todos vieram botar as velas no chão rodeando a tripeça. As velas jogaram no teto a sombra da mãe de santo imóvel. Já quase todos tinham tirado algumas roupas e o respiro ficara chiado por causa do cheiro de mistura budum coty pitium e o suor de todos. Então veio a vez de beber. E foi lá que Macunaíma provou pela primeira vez o cachiri temível cujo nome é cachaça. Provou estalando com a língua feliz e deu uma grande gargalhada.

ANDRADE, M. de. Macunaíma. São Paulo: ALLCA XX, 1996. p. 59. Edição crítica.

II.

Depois das calçadas espandongadas, quem chega ao primeiro bairro da cidade, o Pelourinho, via estacionamento M-14, descortina escombros de um sobrado incendiado em 2006, de uma instituição católica que, pela idade do incêndio, parece desinteressada em recuperá-lo. Mas o Pelourinho é um dos poucos cartões-postais da cidade e não pode ficar desentregue desse jeito. Por isso, é preciso que o desarmengue se aproprie do assunto, desaproprie os escombros, e lhe dê estado menos decadente. Dinheiro há. Armengues sobram. Faltam projetos e despreguiças.

FRANCO, A. A Baía e o PAC do desarmengue. Revista MUITO,
Salvador, p. 41, 19 jul. 2009. Suplemento do Jornal A Tarde.

A observação do estilo de linguagem, presente nos textos em destaque, aponta para a identificação de inovações no léxico e na gramática. Essas inovações produzem efeitos de sentido na obra de Mário de Andrade (I) e no texto de A. Franco (II). Nas alternativas abaixo, marque o item que não apresenta um efeito de sentido gerado por elas:

A) Em ambos os trechos, as inovações na linguagem aproximam o texto escrito da fala do povo brasileiro e marcam uma ruptura com a norma culta da língua portuguesa.

B) A supressão das vírgulas, a substituição de “respiração” por “respiro” e a utilização de palavra como “botar” (texto I) são procedimentos que ilustram a proposta dos primeiros modernistas de levar para a linguagem escrita da literatura a linguagem falada pelo povo brasileiro.

C) O léxico do texto II recupera o falar baiano por meio das palavras “espandongadas”, “armengue”, “desarmengue”.

D) O uso dos neologismos no texto II ressalta o teor de conformidade com a qual a sociedade baiana deve se acostumar.

Soluções para a tarefa

Respondido por LeticiaExo16
4

Resposta:

A

Explicação:

eu nao sei se e a letra a B


Arthur0125: Alternativa é a letra D, mas obrigado pela ajuda
LeticiaExo16: de nada
Respondido por PorcoVoadorEstudante
13

Resposta:

Letra D - O uso dos neologismos no texto II ressalta o teor de conformidade com a qual a sociedade baiana deve se acostumar.  

Explicação:

Em ambos os trechos, as inovações na linguagem aproximam o texto escrito da fala do povo brasileiro e marcam uma ruptura com a norma culta da língua portuguesa. A supressão das vírgulas, a substituição de “respiração” por “respiro” e a utilização de palavra como “botar” (texto I) são procedimentos que ilustram a proposta dos primeiros modernistas de levar para a linguagem escrita da literatura a linguagem falada pelo povo brasileiro. Assim, o aspecto formal do texto passa a ser de­finidor no desenho da cultura brasileira feito pelo livro de Mário de Andrade. Do mesmo modo, o léxico do segundo trecho recupera o falar baiano por meio das palavras “espandongadas”, “armengue”, “desarmengue”. Observa-se também a riqueza vocabular no texto I, mostrada no uso de diferentes palavras para nomear uma mesma coisa (“cachiri” – “cachaça”), além do uso criativo dos neologismos (desarmengue; despreguiças) por A. Franco para referir-se criticamente ao órgão do governo responsável por questões urbanas e exigir mudanças.

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