(UEPA)
Texto 1
Insuficiência dos Ditames da Razão contra o Poder do Amor
Sobre estas duras, cavernosas fragas,
Que o marinho furor vai carcomendo,
Me estão negras paixões n’alma fervendo
Como fervem no pego as crespas vagas:
Razão feroz, o coração me indagas,
De meus erros a sombra esclarecendo,
E vás nele (ai de mim!) palpando, e vendo
De agudas ânsias venenosas chagas:
Cego a meus males, surdo a teu reclamo,
Mil objetos de horror co’a ideia eu corro,
Solto gemidos, lágrimas derramo:
Razão, de que me serve o teu socorro?
Mandas-me não amar, eu ardo, eu amo;
Dizes-me que sossegue, eu peno, eu morro.
Bocage.
Texto 2
... mais do que em qualquer outro dos escritores portugueses seus contemporâneos, teve repercussão em Bocage o agravamento profundo daquele momento histórico vivido em todas as nações da nossa cultura, do conflito permanente entre a civilização e a barbárie, entre a razão e a emoção, entre a ordem e a liberdade.
Hernani Cidade, Bocage, 1969.
Avalie as situações a seguir para considerar as que, baseadas no poema (Texto 1), ilustram corretamente a repercussão, na obra do poeta, da dicotomia citada por Hernani Cidade (Texto 2):
A
O título do soneto contrasta com o tema abordado.
B
Quem assume o papel de confidente no soneto é a própria razão personificada.
C
O locus amoenus predomina em toda a caracterização do cenário.
D
As ondas agitadas, ao deteriorarem as encostas, são metáforas das paixões que destroem o homem: Me estão negras paixões n’alma fervendo / Como fervem no pego as crespas vagas. Elas exemplificam a noção de equilíbrio, de contenção, presentes no estilo neoclássico.
E
A análise formal do poema nos revela um Bocage romântico, pois organiza o caos que o sujeito poético vive numa estrutura totalmente racional e harmoniosa – o soneto.
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Resposta:
b) Quem assume o papel de confidente no soneto é a própria razão personificada.
Explicação:
É notório que é a alternativa B
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