(Uepa) —
Mãe penitente
Ouve-me, pois!... Eu fui uma perdida;
Foi este o meu destino, a minha sorte...
Por esse crime é que hoje perco a vida,
Mas dele em breve há de salvar-me a morte!
E minh'alma, bem vês, que não se irrita,
Antes bendiz estes mandões ferozes.
Eu seria talvez por ti maldita,
Filho! sem o batismo dos algozes!
Porque eu pequei... e do pecado escuro
Tu foste o fruto cândido, inocente,
— Borboleta, que sai do — lodo impuro...
— Rosa, que sai de — pútrida semente!
Filho! Bem vês... fiz o maior dos crimes
— Criei um ente para a dor e a fome!
Do teu berço escrevi nos brancos vimes
O nome de bastardo — impuro nome.
Por isso agora tua mãe te implora
E a teus pés de joelhos se debruça.
Perdoa à triste — que de angústia chora,
Perdoa à mártir — que de dor soluça!
[...]
A fala do sujeito poético exprime uma das formas da violência simbólica denunciada por Castro Alves. No poema, mais do que os maus-tratos sofridos fisicamente, é denunciada a consequência
A
da humilhação imposta pelos algozes que torturam a mulher chicoteando-a.
B
da subordinação da mulher negra que serve aos desejos sexuais do senhor de engenho.
C
do erotismo livre que leva a mulher a realizar seus desejos sem pensar em consequências.
D
do excesso de religiosidade que leva a mulher negra a uma confissão de culpa.
E
da tortura psicológica que obriga a mãe a abandonar o filho.
Soluções para a tarefa
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Resposta:
Resposta B
Explicação:
A sensação de culpa de uma mulher que se dirige ao filho pedindo perdão por ele ter nascido de uma relação entre ela e o senhor do engenho (“Foi este o meu destino, a minha sorte... / Porque eu pequei... e do pecado escuro / Do teu berço escrevi nos brancos vimes / O nome de bastardo — impuro nome”) traduz a violência simbólica, que se funda na fabricação de crenças que segue critérios e padrões do discurso dominante na época, no caso, o conceito de gerar um “bastardo”, filho ilegítimo.
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