Português, perguntado por aguileramclara2816, 1 ano atrás

U m pouco de h is tó ria

A Odisséia, escrita por Homero, é um poema com 12110 versos. Provavelmente, sua composição definitiva apareceu entre 850 e 650 a.C. O nome do poema vem de Odisseu, herói grego, mais conhecido entre nós pelo nome romano, Ulisses. Homero conta-nos as aventuras de Ulisses, rei de ítaca, depois do fim da Guerra de Troia. Durante dez anos o herói tenta retornar a seu reino, onde o aguardam ansiosos a esposa, Penélope, e o filho, Telêmaco. Numerosas aventuras, porém, retardam sua volta. O poema começa no vigésimo ano de sua partida para Troia (dez anos de guerra mais dez anos de viagens), e as aventuras dos últimos anos são contadas pelo próprio Ulisses; ao mesmo tempo, o narrador relata as peripécias do jovem Telêmaco, que procura desesperadamente o pai. No final, é claro, o herói consegue retornar ao lar e à família. No trecho a seguir, Ulisses chega a ítaca, e tem lugar um terrível combate com os pretendentes à mão de sua mulher, Penélope. O fragmento a seguir foi extraído de uma tradução do poema em prosa. O solerte Ulisses despojou-se dos trapos, galgou de um salto a longa soleira, segurando o arco e a aljava cheia; despejou a seus pés as setas ligeiras e disse aos pretendentes: — Essa árdua competição acabou afinal; agora visarei outro alvo, que ainda homem nenhum atingiu, e espero acertar, se Apoio me der essa glória. Com essas palavras, endereçou amarga seta a Antino, no momento em que ia erguendo uma taça de licor, de duas asas; ele já a segurava nas mãos, para beber vinho, longe de cuidar da morte. Quem imaginaria que um homem, só entre muitos, por mais valente que fosse, lhe houver de aprontar o negro destino duma triste morte? No entanto, Ulisses alvejou-o, acertando com a seta na garganta; a ponta varou, sem desvios, o delicado pescoço. Antino tombou para um lado; a taça caiu-lhe das mãos, no mesmo instante, subiu-lhe às narinas um jato grosso de sangue humano; com rápido pontapé, empurrou a mesa, espalhando a comida pelo chão, caíram na sujeira pão e nacos de carne assada. Ergueram-se os pretendentes, ao verem o homem caído; saltaram das cadeiras, precipitando-se pelo salão; percorriam com os olhos toda a extensão das bem construídas paredes, sem deparar em lugar nenhum um escudo ou uma lança para empunhar. E ralhavam com Ulisses com palavras coléricas: — Forasteiro, ai de ti por alvejares pessoas; foi tua última competição; é certa agora tua morte abismai. Quem acabas de matar era incomparavelmente o mais nobre dos jovens de ítaca; por isso aqui mesmo te hão de devorar os abutres. Assim dizia cada um deles, pensando que ele não tivera intenção de matar o homem; não percebiam os loucos que a todos eles os laços da morte haviam atado. Olhando-os de soslaio, disse-lhes o solerte Ulisses: — Cães, julgando que eu não mais chegaria a casa, de volta do país dos troianos, quando dilapidáveis minha fortuna, forçáveis minhas servas a deitar convosco e, estando eu vivo, cortejáveis minha mulher, sem temer os deuses moradores da vastidão do firmamento, nem imaginar que viesse mais tarde um vingador dentre os homens; agora os laços da morte a todos vos ataram. — Assim falou ele. Um terror se apoderou de todos.
(HOMERO. Odisséia. Tradução de Jaime Bruna. São Paulo: Cultrix, 2002. p. 256*257)

1. De que forma o aedo (contador) apresenta a chegada de Ulisses a ítaca?
2. Apresente a sequência dos fatos ocorridos.
3. Situe o espaço físico e o social identificado nesse trecho.
4. Que características fazem de Ulisses um herói?

Soluções para a tarefa

Respondido por Usuário anônimo
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1. Ulisses já chega intrépido, no meio de uma ação de pretendentes à mão de sua mulher, e sem perder tempo, assassina um deles, aparentemente o melhor, e ameaça a todos os outros.

2. Ulisses chega, e num ato ousado, assassina um dos pretendentes à mão de sua mulher. Os outros, julgando que fora um acidente, alarmam-se e condenam-no, buscando por armas. Mas Ulisses os ameaça, expressando sua cólera pela traição daqueles que ficaram em sua terra e exploraram seus bens.  

3. O espaço físico é o palácio de Ulisses, ou seja, um espaço social da elite.

4. A coragem de Ulisses, seus valores superiores, seus atos, seu senso de justiça.
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